Em uma iniciativa conjunta, o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL), o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) conseguiram assegurar a reparação do dano educacional causado a 1.262 alunos da rede pública de Maceió, previamente identificados pela Secretaria Municipal de Educação (Semed), cujas escolas foram realocadas devido ao afundamento do solo em 2019/2020. A Braskem assumiu a obrigação de financiar reforço escolar, atividades extracurriculares, auxílio permanência e transporte para garantir que os estudantes aptos ao programa, que aderirem, possam participar dos estudos no contraturno.
Os 1.262 alunos que poderão ser contemplados estão listados pela Semed, e as obrigações da Braskem abrangem estudantes das escolas de ensino fundamental Radialista Edécio Lopes, Padre Brandão Lima, Major Bonifácio da Silveira, e dos centros de educação infantil (CMEI) Luiz Calheiros Júnior e Braga Neto, que estavam matriculados nesses locais no momento da interrupção das aulas em 2019/2020. Um anexo com os nomes desses alunos já foi apresentado, detalhando quem poderá ser contemplado. Entre eles, cerca de 400 já ingressaram no Ensino Médio e, atualmente, estão na rede estadual e também terão direito.
O programa terá duração de 20 meses, acompanhando o calendário acadêmico regular, com uma carga horária total de 1.280 horas/aula de reforço escolar. Para ingressar no programa e receber o auxílio permanência, que será de R$ 400 mensais, os alunos (ou seus responsáveis, no caso de menores de idade) assinarão um termo de concordância – a DPU prestará assistência jurídica aos atingidos nesse momento da assinatura. A permanência no programa com direito ao recebimento de auxílio mensalmente necessita de frequência mínima de 85% nas aulas do reforço.
Em situações excepcionais, há possibilidade do estudante receber o auxílio sem participar do programa de reforço. É o caso dos alunos que já estão na rede estadual de ensino; dos estudantes da rede municipal matriculados em ensino integral, ou daqueles que residam fora de Maceió. O valor integral (R$ 8 mil) será disponibilizado imediatamente para essas exceções.
Além do reforço escolar, o programa garante que os alunos participantes terão acesso à alimentação. O almoço será oferecido nas escolas, pela Semed, para aqueles que tiverem aulas tanto no turno regular quanto no contraturno. Durante o período de reforço escolar, a Braskem fornecerá lanches, assegurando que os alunos sejam devidamente alimentados ao longo do dia.
Em relação ao transporte, a Braskem será responsável por oferecer transporte gratuito para os alunos até os locais das aulas. Caso o aluno ou seu responsável opte por não utilizar esse serviço, será concedido um adicional de R$ 30 por dia de aula frequentada, como compensação pelo custo do transporte próprio. Esse valor pode somar até R$ 480 por mês, dependendo da frequência do aluno.
O programa abrange seis frentes principais: Reforço Educacional, Recursos Educacionais, Acompanhamento Pedagógico, Padrão de Qualidade, Acessibilidade e Inclusão, e Auxílio Permanência. Cada frente foi planejada para garantir a recuperação educacional dos alunos afetados:
Os recursos necessários para execução do programa serão de responsabilidade da Braskem, conforme o princípio do poluidor-pagador, onde a empresa deve arcar com os custos de reparação dos danos que causou. As tratativas asseguraram que os recursos financeiros necessários para a recuperação educacional dos alunos sejam de responsabilidade da Braskem.
A criação deste programa é uma resposta aos prejuízos educacionais identificados pela Semed em um relatório técnico enviado à Defensoria Pública da União em 2019. O documento demonstrou os diversos problemas enfrentados pelos alunos das cinco escolas municipais afetadas pela realocação devido ao desastre causado pela mineração da Braskem. Entre os impactos negativos relatados, destacam-se a evasão escolar, déficit de aprendizagem, longas distâncias percorridas pelas crianças no transporte escolar, perda do contraturno e a dificuldade dos pais em acompanhar a rotina escolar de seus filhos devido à distância das novas unidades educacionais. O relatório técnico embasou a reivindicação para que medidas reparatórias fossem implementadas, garantindo o direito à educação dessas crianças.
A DPU prestará assistência jurídica integral e gratuita no momento da celebração dos acordos individuais. Uma lista de estudantes beneficiados será publicada em breve pela instituição. Os alunos ou seus representantes devem comparecer à unidade da DPU em Maceió, nos dias e horários marcados, para apresentar os documentos solicitados.
O MPAL, o MPF e a DPU destacam a importância deste programa como mais um avanço na defesa dos direitos das crianças e jovens afetados pelo desastre. “Este é um marco importante para garantir que os impactos invisíveis, como a interrupção do aprendizado, sejam adequadamente tratados, e que o futuro desses estudantes seja preservado. A Semed terá um importante papel na supervisão e sucesso do programa. Além disso, o programa envolve a preocupação de preservação da cultura e memória dos bairros para as crianças e jovens”, afirmam os representantes das instituições.
O termo de compromisso foi homologado pela 3ª Vara Federal da Seção Judiciária de Alagoas, nesse dia 19.
As ações começarão de imediato, com a divulgação dos locais das aulas e a mobilização das equipes para o ano letivo de 2025.
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