Uma enfermeira de 33 anos, que faleceu em abril deste ano depois de dar entrada no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, por suspeita de envenenamento, pode ter morrido após contato com uma substância química usada na agropecuária. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 6, pela Polícia Científica de Alagoas. A morte suspeita da profissional de saúde, que não teve o nome divulgado, foi periciada pelo setor de toxicologia do Instituto de Criminalística.
Durante o exame cadavérico, o médico legista Kleber Santana coletou amostras biológicas no corpo da enfermeira e enviou para análise no setor de toxicologia do Instituto de Criminalística. O perito criminal Thalmanny Fernandes Goulart, responsável pelo laudo pericial, explicou que recebeu certa quantidade de conteúdo estomacal da vítima para realizar o exame toxicológico. Após a análise, ficou confirmada a presença da substância terbufós, (um tipo de organofosforada) no liquido biológico examinado.
“Esse tipo de substância química é capaz der inibir uma importante enzima responsável pelo equilíbrio na transmissão dos impulsos nervosos. Quando a substância começa a agir no corpo, interfere na troca gasosa, e o indivíduo que tem contato com essa substância pode a vir a óbito por parada respiratória”, explicou o perito.
Thalmanny Goulart explicou ainda que esse tipo de organofosforado é bem absorvido pelo organismo humano pela via oral. Após absorvida, a substância se espalha rapidamente pelo corpo. Ele esclareceu ainda que esse tipo de organofosforado pode ser encontrado em vários tipos de produtos agrotóxicos utilizados no combate de doenças e pragas que atacam plantações agrícolas.
Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz apontam que os derivados desse tipo de substância são os maiores causadores de intoxicações no país. Eles também são os responsáveis por um número alto de óbitos no Brasil devido à toxicidade aguda.
O setor de toxicologia já enviou o resultado das análises para o IML de Maceió, que deverá concluir o laudo pericial do exame cadavérico. Em seguida, os laudos serão encaminhados para a delegacia distrital que será responsável por investigar de que forma aconteceu o contato da enfermeira com a substância terbufós.
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