Uma vida de muita diversão, sem tanta noção sobre as consequências das escolhas. Assim se definiu José Claudio Nascimento de Araújo, de 18 anos, que esteve entre a vida e a morte no Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió. Com medo de possíveis efeitos colaterais da vacina, ele não se imunizou contra a Covid-19. O resultado dessa decisão equivocada foi avassalador, pois contraiu a forma grave do novo coronavírus e precisou ser entubado. Ele só não morreu devido aos cuidados qualificados da equipe multidisciplinar do maior hospital público de Alagoas.
Ele mora com sua tia no bairro Feitosa, em Maceió, onde também trabalha em um “mercadinho”. Após ficar entubado por sete dias, José Claudio acordou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) um pouco atordoado. Ele contou que não se lembra de tudo, mas sabe que foi muito rápido, já que se em um dia estava curtindo uma festa com os amigos, no outro estava em estado grave, lutando contra a morte.
“Eu estava em São Luís do Quitunde [cidade distante 56 km da capital alagoana] bebendo com meus amigos. Estava tudo massa! Depois fui dormir na casa de um dos meus amigos e acordei vomitando sangue. Levaram-me para o hospital da Cidade, depois para Porto Calvo [Hospital Regional do Norte], que me transferiu para o HGE. Quando cheguei, eu vomitei, de novo, sangue. Fizeram o teste para Covid-19 e deu positivo”, lembra o jovem.
José Cláudio foi diagnosticado com Hemorragia Digestiva Alta e Baixa, além da Covid-19. Ele foi admitido no dia 31 de janeiro e no dia seguinte já estava no leito exclusivo para paciente com o novo coronavírus na UTI. Na tentativa de estabilizar os efeitos nocivos do vírus e diminuir o sangramento, condutas foram adotadas pela equipe multidisciplinar, com atenção contínua para avaliar a resposta do organismo. Porém, algo ainda mais comprometedor foi descoberto.
“Uma úlcera duodenal, que é uma pequena ferida que surge no duodeno, a primeira parte do intestino, que liga diretamente no estômago. Geralmente, a úlcera se desenvolve em pessoas que foram infectadas com a bactéria H. pylori, que retira a proteção da mucosa do estômago e causa inflamação da parede do duodeno e, provavelmente, agravada devido a inflamação causada pela Covid-19”, detalhou o médico Adailton Araújo.
Hoje, José Cláudio já recebeu alta médica e está muito grato pelos cuidados que recebeu no HGE, desde o primeiro atendimento na Área Vermelha. Ele acredita que a situação poderia ter sido fatal caso não contasse com a eficiência do serviço exercido por todos os profissionais envolvidos; e já imagina que, após sua recuperação, irá concluir os seus estudos, voltar a trabalhar e preservar mais a sua saúde.
“A primeira coisa que irei fazer assim que eu puder é me vacinar. Eu sei que eu vacilei, que eu deveria ter ido me imunizar. Mas, eu estava com medo dos efeitos colaterais, não queria ficar doente. Diziam para mim que doía muita coisa, como o braço e a cabeça. Teve gente que me disse que ficou de cama. Eu não queria isso, então não me vacinei. Mas, infelizmente, só agora eu percebi que é muito melhor sofrer esse risco, do que sofrer com a gravidade que esse vírus pode causar”, concluiu, agora, o ex-paciente do HGE.
O HGE conta com 37 leitos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sendo 18 para patologias gerais, dez para crianças e nove exclusivos para os pacientes diagnosticados com a Covid-19. É um setor especializado no suporte a casos de alta complexidade, a fim de manter a vida do doente com risco de morte por insuficiência orgânica. Conforme relatório da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), cinco dos nove leitos destinados a pessoas com o novo coronavírus estão ocupados, isso representa uma taxa de 56%.
“Por isso, mantemos a nossa orientação para seguir com os cuidados preventivos, como o uso da máscara, a higienização das mãos, o distanciamento social e, principalmente, a vacinação. É muito importante mantermos o nosso organismo fortalecido, isso nos ajuda muito a seguirmos firmes rumo à concretização dos nossos objetivos, dos nossos sonhos. Desse modo, lanço o convite para que todos repensem a prática daqueles hábitos que já sabemos ser nocivo”, acrescentou o gerente do HGE, o médico Paulo Teixeira.
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