Referência na assistência pré-hospitalar e atuando de forma ágil, humanizada e qualificada, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) é o responsável por socorrer pacientes em estado grave, estabilizá-los e encaminhá-los até os hospitais da Rede Hospitalar Pública. Realidade que exige dos socorristas atuação eficiente e onde o contato com o paciente é rápido, sem que seja possível estreitar os laços com ele e seus familiares. Nessa terça-feira (19), no entanto, o médico Jhonat Silva teve a oportunidade de reencontrar a pequena Ana Laura, de 10 anos, uma das usuárias assistidas pelo Serviço Aeromédico, depois que ela sofreu uma crise de fibrose cística, doença genética crônica, que afeta principalmente os pulmões.
O socorro feito a Ana Laura ocorreu há três meses e comoveu o médico do Samu, momentos antes de precisar intubá-la. Neste mês, ela recebeu alta médica, após a recuperação da última crise que levou ao acionamento do Serviço Aeromédico. Esbanjando alegria, ela pode, finalmente, reencontrar o médico Jhonat Silva, que ajudou a salvar sua vida e manteve contato com a equipe médica do hospital que a internou.
De acordo com Jhonat Silva, a paciente estava em um grave estado geral e necessitando de intubação. “Quando recebemos a autorização da mãe para realizar o procedimento, ela se retirou do local, mas a criança pediu a presença da mãe de volta. Neste momento, disse que a amava e que não queria morrer”, relembrou o médico do Samu.
Emocionado, ele conversou com Ana Laura e com a mãe dela, a dona de casa Deise Silva. “Foi muito comovente e até eu precisei de um momento a sós para me recompor e realizar o procedimento. Por isso, é muito emocionante podermos estar conversando com Ana Laura e aproveitando esse momento”, destacou Jhonat Silva.
Passeio Aéreo – Para marcar o reencontro, Ana Laura e o médico Jhonat Silva, estiveram novamente no helicóptero do Serviço Aeromédico do Samu, mas, desta vez, como passageiros. Em um breve passeio pela região do hangar, de onde a aeronave decola para atender as ocorrências, os dois puderam conversar e contemplar a paisagem.
Foram cerca de 15 minutos de sobrevoo, mas o suficiente para deixar um sorriso no rosto de Ana Laura. Mesmo tímida e com o rosto parcialmente coberto pela máscara, a pequena usuária do Samu não escondeu a satisfação pelo reencontro com o médico que a salvou.
O caso – De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a fibrose cística é a doença genética grave mais comum em crianças. Um gene defeituoso e a proteína produzida por ele fazem com que o corpo produza muco de 30 a 60 vezes mais espesso que o usual. Isso leva ao acúmulo de bactéria e germes nas vias respiratórias, podendo causar inchaço, inflamações e infecções, como pneumonia e bronquite, trazendo danos aos pulmões.
Esse muco também pode bloquear o trato digestório e o pâncreas, o que impede que enzimas digestivas cheguem ao intestino. Quando isso acontece, torna-se ainda mais difícil absorver as gorduras e nutrientes necessários para o crescimento, gerando sintomas como diarreia (geralmente volumosas, com odor fétido), e dificuldade para ganhar peso e estatura.
A mãe da paciente, a dona de casa Deise Silva, conta que o dia 22 de junho ficou marcado na família que mora em Ipioca, bairro da região Norte de Maceió. “Ela já fazia acompanhamento da doença com uma pediatra e estávamos em casa quando tudo aconteceu. O pai dela a levou às pressas para uma unidade de saúde em Paripueira e, de lá, foi transferida para Maceió”, relembra Deise. “Eu estava muito nervosa e o momento da transferência foi muito difícil. Hoje está tudo bem, mas, na hora, só conseguia pensar no pior”, relembra.
Depois que foi transferida para Maceió pelo serviço Aeromédico do Samu, juntamente com o Grupamento de Operações Aéreas de Alagoas, Ana Laura permaneceu internada na UTI pediátrica do Hospital Geral do Estado (HGE) até o dia 4 de julho, quando foi transferida para o Hospital Universitário (HU) e, posteriormente, recebeu alta médica.
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