03/09/2021 14:51:27
Alagoas
Sesau promove Campanha de Setembro Verde para a doação de órgãos
Alagoas realizou 41 transplantes em 2021 e tem lista de espera com 324 pessoas
Reprodução
Redação com Ascom Sesau

Um único doador de órgãos pode salvar mais de oito vidas, mas, essa realidade ainda não atingiu seu maior potencial, porque a recusa familiar para a doação de órgãos ainda é alta. No Brasil, em 2020, 43% das famílias se recusaram a doar órgãos de seus parentes falecidos após morte encefálica comprovada. Em Alagoas, esse número é de 40%. Além disso, de acordo com dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em decorrência da pandemia, o número de doadores caiu 26% no país, em 2021.

Assim, com o intuito de reverter essa situação e de conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) promove a Campanha do Setembro Verde. A ação, que irá contar com lives, cursos, debates e ações educativas, vai ocorrer de 9 até 27 deste mês.

As atividades da programação são voltadas para médicos, profissionais das Comissões Intra Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTTS) e população em geral, que terão a oportunidade de aprender e debater temas sobre diagnóstico de morte encefálica, enucleação de córneas, importância da doação de órgãos e entrevista familiar para a doação de córneas.

A ABTO possui ainda uma meta anual de números de doadores Por Milhão de População (PMP). Em 2019 a meta era de 5 doadores PMP e o número alcançado foi de 4,8. Já em 2020, a meta era de 6,5 doadores PMP, mas o número alcançado foi de apenas 0,3 PMP.

A coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos, explica a recusa familiar. “Um dos maiores motivos de recusa no estado é o desconhecimento do desejo do doador ainda em vida, da integridade do corpo após a retirada dos órgãos e motivos religiosos”. Segundo Daniela, a comunicação à família sobre o desejo de ser doador é um ato que pode salvar vidas. “A cirurgia de retirada dos órgãos é uma cirurgia como outra qualquer e não mexe com a integridade do corpo e nenhuma religião proíbe a doação e nem o transplante de órgãos”, afirma a coordenadora.

Com relação à pandemia causada pelo novo coronavirus, Daniela Ramos esclarece que se o potencial doador estiver positivo para a Covid-19, a doação de órgãos é contraindicada. “Além disso, essa redução se deu por várias situações, tais como orientação do próprio Ministério da Saúde em suspender busca ativa e transplante de córneas, suspensão das cirurgias eletivas no estado, falta de leitos nos hospitais e adoecimento dos profissionais de saúde”.

Importante ressaltar que, no Brasil, anualmente, em média, 12 mil pessoas apresentam morte cerebral, um dos critérios para a doação de órgãos. Desse número, aproximadamente 6 mil pessoas poderiam ser doadoras de órgãos. Por outro lado, em média 23.800 pessoas têm a necessidade de receber um transplante a cada ano. Portanto, a chance de que alguém seja doador de órgãos é quatro vezes menor do que a chance de que venha a precisar de um transplante.

O doador vivo pode doar um rim, medula óssea (que pode ser feita até por crianças e mulheres grávidas, por não acarretar nenhum risco ao doador), parte do fígado (em torno de 70%), parte do pulmão (em situações excepcionais) e parte do pâncreas. Já um único doador falecido pode doar coração, pulmão, fígado, rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.

O estado de Alagoas realiza os transplantes de córnea, rim, coração e fígado. E o primeiro transplante de fígado do Estado foi realizado em maio deste ano. Quem recebeu a doação foi Jorge Ricardo Queiroz de Andrade, de 57 anos, vítima de cirrose, em decorrência de uma hepatite. Jorge Ricardo se encontra em casa se recuperando da cirurgia junto com a esposa e as quatro filhas desde julho.

Balanço – Conforme dados da Central de Transplantes de Alagoas, o Estado realizou 41 transplantes este ano, sendo 39 de córnea e dois de fígado. Com relação à fila de espera, atualmente há 324 alagoanos aguardando por um transplante de córnea, 121 por um de rim, três por um novo coração e um por um fígado.

Os órgãos são transplantados nos primeiros pacientes compatíveis, que estão aguardando em uma lista única da Central de Transplantes de cada estado. A lista é controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e supervisionado pelo Ministério Público (MP).

Orientações sobre transplante de órgãos

– No Brasil, para ser um potencial doador de órgãos, basta comunicar a família sobre o desejo, não sendo mais obrigatório deixar isso registrado na Carteira de Identidade.

– Para ser realizado o transplante de órgãos, além da autorização familiar, precisa ser constatada a morte encefálica do doador, que é a parada irreversível da função do encéfalo, ou seja, é quando o cérebro para de funcionar. A morte cerebral permite a doação de órgãos e tecidos, mas a morte cardíaca, só a doação de tecidos.

– Qualquer pessoa pode ser doadora, exceto os portadores de doenças infecciosas ativas ou de câncer. E a doação não desfigura o corpo do doador.

– Para doadores vivos, o doador deve ter mais de 18 anos de idade e o receptor deve ser cônjuge ou parente consanguíneo até quarto grau (pais, filhos, irmãos, avós, tios ou primos). Se não houver parentesco, será preciso autorização judicial.

– A doação de órgãos e tecidos não acarreta nenhum custo ou ganho material à família do doador nem do receptor. 

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