Circula nas redes sociais o vídeo de um dermatologista afirmando que não desenvolveu anticorpos após receber a vacina contra a Covid-19. As informações foram expostas de forma equivocada. Órgãos de saúde e especialistas esclarecem que não são apenas anticorpos neutralizantes (observáveis pelo teste) que garantem imunização.
O posicionamento do médico tenta colocar em dúvida a eficácia da vacina e causa desinformação. “Após seis meses de vacinado, fiz minha titulação de anticorpos e deu negativa. Tomei a Coronavac e não adquiri anticorpos, 10% de resultado enquanto deveria ter dado acima de 20 ou 50%”, afirma ao exigir uma “nova vacinação”.
Apesar da mensagem alarmista, o fato não apresenta anormalidade. Na realidade, o exame sorológico não é capaz de avaliar a proteção das vacinas contra a Covid-19. Por causa da circulação de boatos, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) emitiu uma nota em março de 2021 para explicar como funciona o sistema imunológico ao receber a vacina.
“A resposta imune desenvolvida pela vacinação não depende apenas de anticorpos neutralizantes. Tanto a infecção natural quanto a vacinação estimulam o sistema imunológico de forma mais ampla, gerando também anticorpos não neutralizantes que agem de maneira diferente, e a estimulação de células TCD4+ e TCD8+ (imunidade celular). Contamos também com a imunidade inata, mais um mecanismo de proteção contra infecções”, explica a entidade. “Não se avalia a proteção desenvolvida após vacinação apenas por testes laboratoriais 'in vitro' através da dosagem de anticorpos neutralizantes”, acrescenta.
Com isso, não há recomendação científica para que as pessoas realizem testes de anticorpos para confirmar a imunização, pois eles não foram desenvolvidos com esse objetivo e são ineficazes para determinar a imunidade pós vacinação. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão federal que aprova as vacinas utilizadas no Brasil, esclareceu em nota técnica que “até o momento não existe definição da quantidade mínima de anticorpos neutralizantes necessária para conferir proteção imunológica contra a infecção pelo SARS-Cov-2, uma reinfecção, as formas graves da doença e nem contra as novas variantes circulantes”.
A editoria Alagoas Sem Fake já checou outro conteúdo com o mesmo objetivo de duvidar da proteção que a vacina oferece. A infectologista do Hospital Escola Dr. Hélvio Auto, Madjane Lemos, além de reforçar que a eficácia da vacina não pode ser avaliada pela presença ou não de anticorpos nas pessoas vacinadas, lembra que o teste de anticorpos após a vacinação é feito apenas em casos de vacinas das quais já se sabe o valor que indica a proteção. “No caso da Hepatite B, quando na dosagem de anticorpos a pessoa está acima de 10 significa que ela está protegida, abaixo de 10 será preciso uma nova dosagem”, informa.
Uma nova dose de vacina, além do que cada pessoa pode receber, não é possível como exige o médico que aparece no vídeo. A orientação consta no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19: “Indivíduos que iniciaram a vacinação contra a Covid-19 deverão completar o esquema com a mesma vacina. Neste momento, não se recomenda a administração de doses adicionais de vacinas COVID-19”.
Alagoas Sem Fake
Com foco no combate à desinformação, a editoria Alagoas Sem Fake verifica, todos os dias, mensagens e conteúdos compartilhados, principalmente em redes sociais, sobre assuntos relacionados ao novo coronavírus em Alagoas. O cidadão poderá enviar mensagens, vídeos ou áudios a serem checados por meio do WhatsApp, no número: (82) 98161-5890.
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