Tremores de terra e rachaduras em paredes e chão de imóveis na cidade Craíbas, no agreste de Alagoas, foram relatados por moradores no ano passado. A comunidade fica próximo à área de mineração de cobre, realizada pela Vale Verde. Para apurar, uma ação pública foi instaurada, mas ainda não foi possível determinar uma causa.
O processo, movido pela Defensoria Pública da União, busca mapear os danos e fiscalizar os impactos das atividades de mineração executadas pela Vale Verde. Conforme o processo, o objetivo é identificar se há relação entre as rachaduras com as explosões realizadas pela empresa, bem como “os danos ao meio ambiente, saúde dos moradores e animais, e a integridade dos imóveis”.
A empresa começou suas atividades no local em 2021, e os moradores alegam que o uso recorrente de explosivos para o desmonte de rocha a céu aberto, de grandes caminhões de carga excessiva que comprometem as pistas e também causam tremores, e ruídos insuportáveis, causaram rachaduras nos imóvel e produção de fuligem, que afeta a saúde daqueles que residem no local, além da fauna.
A ação é fundada em duas alegações principais, conforme destaca a juíza Camila Monteiro Pullin, da 8ª Vara Federal de Alagoas: danos de diversas ordens à comunidade em razão da atividade mineradora, e omissão dos órgãos públicos em fiscalizar e controlar o trabalho realizado pela empresa.
Com isso, foi determinado que o Serviço Geológico Brasileiro (SGB) realizasse um estudo do local. Entre 21 a 23 de novembro de 2023, foram vistoriados 95 imóveis, com a finalidade de definir a região mais afetada e identificar as edificações em situação crítica, na qual foram identificados fissuras, trincas e rachaduras, localizadas em paredes e pisos.
Os locais mais afetados foram quatro sítios da cidade:
Lagoa do Mel;
Torrões;
Umbuzeiro;
Pichilinga.
“É importante mencionar que o grau de dano causado nos imóveis pode ou não estar relacionado às questões de qualidade construtiva, tendo em vista que foram observadas feições em imóveis com diversos padrões, desde imóveis de taipa até a imóveis em alvenaria bem estruturados. De acordo com os moradores locais, algumas das moradias visitadas foram construídas há poucos anos e já apresentam trincas. Também há registro de rachaduras que foram tapadas, utilizando amarração com vergalhões no sentido transversal à feição, mas que voltaram a se abrir depois de pouco tempo”, diz o documento obtido pelo Terra.
Embora haja risco, o estudo aponta que o risco é considerado médio, e recomenda-se que essas moradias sejam monitoradas pelo poder público municipal, com o objetivo de impedir o agravamento da situação futuramente.
“Não foram identificadas feições relacionadas a processos de movimentos gravitacionais de massa na superfície do terreno, como por exemplo, trincas e degraus de abatimentos no solo”, afirma o SGB.
Por fim, o estudo afirma que não é relacionar os danos nas moradias às características geológicas e geotécnicas daquela região, tampouco ao padrão construtivo dos imóveis. Ainda não há informações sobre novos estudos determinados pela Justiça Federal.
O Terra pediu um posicionamento à Mineradora Vale Verde e à Prefeitura de Craíbas, mas até o momento, não houve retorno. A reportagem também tenta contato com o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), que também está relacionado ao processo.
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