De forma inédita em Alagoas, o projeto Preparando a Volta para Casa, serviço oferecido pelo Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, realizará, na segunda-feira (7), o lançamento de uma ação que envolverá integrantes do grupo Alcoólicos Anônimos (AA) e pacientes de quatro enfermarias do setor de traumas da unidade hospitalar.
A coordenadora do Preparando a Volta para Casa, psicóloga Mônica Leal, explicou que a motivação para a realização de rodas de conversa, a cada 15 dias, foi o elevado número de pacientes que dão entrada no HEA por causa de envolvimento com álcool.
De acordo com dados do HEA, 85% das entradas na unidade são provocadas por acidentes de trânsito, sendo que deste percentual, 90% tem envolvimento com bebida alcoólica e deixa sequelas graves nas vítimas. Além disso, uma parte dos 15% que sobram do total de atendimentos como violência doméstica e queimaduras, é provocada também pela ingestão de álcool.
“A maioria dos casos de traumas e sequelas graves atendidas no HEA, incluindo as pessoas que recebem atenção do Projeto Preparando a Volta para Casa, só está aqui porque sofreu acidente ou violência que envolvia consumo de bebida alcoólica. É necessário mostrar para os grupos quais são os problemas, os riscos e as saídas para evitar a bebida”, afirmou Mônica Leal.
O trabalho vai mais além: enquanto o AA promove estas rodas de conversa a cada 15 dias, familiares e pacientes que receberem alta, ainda terão a oportunidade de tirar dúvidas, de conversar, de compartilhar situações da rotina com o grupo Amor Exigente, que é direcionado para pessoas com dificuldades emocionais e ajuda na compreensão das dores e resoluções.
“A gente não pode apenas se preocupar com a situação do paciente. É sempre importante olhar para a família. Óbvio que há encaminhamento para o CAPS AD [Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas], mas também é necessário ter outras visões de compreensão das pessoas. E no final, todas as ações se conectam e se completam. É preciso descobrir o estopim para o consumo do álcool. Depois disso, o caminho fica livre para a solução”, ressaltou Mônica Leal.
O projeto Preparando a Volta para Casa é resultado da parceria entre o HEA e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal). “Todo este trabalho tem apoio incondicional da direção geral do Hospital e da Ufal. Por isso tem um resultado tão maravilhoso”, confirmou Mônica Leal.
Lançamento – Nesta segunda-feira (7) integrantes do AA estarão no HEA para promover rodas de conversas com os pacientes internados nas quatro enfermarias do setor de traumas. Conversas que podem começar a mudar a vida destas pessoas. Ouvindo, entendendo, se descobrindo através das palavras de quem tem muito a disseminar sobre os malefícios da bebida alcoólica na vida e que, sobretudo, vence todos os dias a luta contra o vício. As rodas de conversa vão acontecer a cada 15 dias, à tarde, com uma hora de duração.
Projeto – O projeto Preparando a Volta para Casa tem ligações fortes com ineditismo. Ele próprio, dentro de uma instituição hospitalar, é um feito inédito no mundo. A ideia de se aproximar de pacientes e familiares de pacientes para conversar e acompanhar o retorno para casa, após um grave acidente, amputação de membros ou outros tipos de sequelas, se tornou realidade em 2014 no Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca. Uma parceria entre a unidade hospitalar e a Ufal.
Até 2019, quando ainda era um trabalho voluntário de profissionais, foram 40 relatórios que se tornaram vidas modificadas após a saída do hospital. Com os resultados vieram as mudanças. Desde 2019 a psicóloga Mônica Leal – integrante desde o começo, inclusive como voluntária – é a coordenadora. O serviço deixou o voluntariado e, de lá pra cá, já atendeu mais de 2 mil pessoas.
“Desde que o projeto Preparando a Volta para Casa foi instalado no HEA, houve uma redução no número de reinternações, consequentemente de óbitos de pacientes que tenham retornado ao atendimento, e aumentou o nível de satisfação dos familiares dos pacientes que entendem o quanto o projeto colabora no dia a dia e no futuro de cada paciente no convívio do lar”, declarou a coordenadora do projeto, Mônica Leal.
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