Um artigo científico de pesquisadores do Mestrado Profissional em Tecnologias Ambientais do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), que atesta os benefícios do uso de mantas doadas pela Agreste Saneamento, foi publicado na conceituada Revista Gaia Scientia. O material é fruto de pesquisa sobre a técnica que utiliza geobags para forragem do solo no cultivo de produtos agrícolas orgânicos na zona rural de Arapiraca. Elas são empregadas originalmente no tratamento de água pela Agreste Saneamento e aplicadas pelos agricultores depois de descartadas.
O artigo foi produzido pelos pesquisadores Marcelo Cavalcante, Silvio Serafim e Anderson Soares. Segundo Marcelo, quando a ideia do projeto de pesquisa surgiu, a manta já era aproveitada pelos agricultores. A partir daí, foram iniciados os testes.
“Executamos a proposta, que gerou um TCC pelo Programa de Pós-graduação em Tecnologias Ambientais (PPGTEC), passou pela avaliação de uma banca, formada por quatro pesquisadores doutores. Ao final, submetemos o artigo, fruto da pesquisa, à Revista Gaia Scientia, que tem Qualis CAPES B1 o que quer dizer que é muito bem conceituada. Antes de ser publicado, ainda passou pela avaliação de um editor e três revisores externos”, detalha.
A técnica, conhecida como mulching, utiliza plásticos agrícolas para proteção do solo, neste caso específico, foram empregadas as mantas de polipropileno para forragem e com isto otimizar a produção. Com isto, como a pesquisa atestou, os produtores obtêm até 40% de economia de água, ideal para locais de clima semiárido, como é o caso da zona rural de Arapiraca. Outro detalhe: com a cobertura, as hortaliças e leguminosas são produzidas sem a necessidade de agrotóxico. Além disso, de acordo com a pesquisa, a manta tem alta durabilidade e minimiza os custos de produção até com mão de obra.
As mantas são doadas pela Agreste Saneamento, empresa do Grupo Iguá, a agricultores familiares da região. O material, conhecido como geobag, integra o sistema de tratamento da água, retendo o lodo resultante dos processos físicos e químicos do líquido que abastece dez cidades alagoanas. Com o fim de vida útil nas Estações de Tratamento da Água (ETA’s), eles são abertos, o lodo é retirado e destinado a cerâmicas para a produção de tijolos ecológicos, e as mantas são encaminhadas aos produtores rurais cadastrados no programa Agreste Rural.
“Hoje os agricultores acompanham os resultados na prática. Já sabem que as tecnologias precisam ser validadas antes de usadas. Prova disso é que um dos agricultores, o seu Edmilson, abriu as portas para nós, em um novo experimento, agora com o lodo. Certamente ele conversou com outros produtores, disseminando a informação. Outro ponto fundamental é a parte econômica com a redução do volume de água que era usado no plantio, com reflexos na economia também de energia. Com a manta também não há necessidade de carpina, reduzindo ainda a mão de obra”, acrescenta Marcelo.
A coordenadora de sustentabilidade da Agreste Saneamento, Ariel Leão comemora os resultados. Ela afirma que a publicação científica serve para dar ainda mais credibilidade, transparência e atestar a viabilidade das mantas.
“Em todos os processos destinamos 100% dos nossos resíduos de forma sustentável. Os produtores rurais se tornaram parceiros. Estamos periodicamente destinando as mantas, e eles empregando em cada vez em mais usos, até na forragem de silos e galinheiros. Saber que além de proteger o meio ambiente e incentivar o desenvolvimento sustentável, contribuímos para o fortalecimento da agricultura familiar local é algo que nos enche de orgulho e alegria”, destaca.
NOVOS PROJETOS
A parceria entre os pesquisadores, agricultores e a Agreste Saneamento continua rendendo frutos. Um novo estudo científico está em andamento, desta vez sobre a utilização do lodo, resíduo do tratamento da água, no composto de substrato. Algumas amostras avaliadas indicam que o lodo faz um trabalho de compensação nutricional às hortaliças. A última etapa é a análise das mudas em laboratório.
A previsão é de que até o fim deste ano essa nova pesquisa seja finalizada. “Os resultados são preliminares, mas já indicam que 20% de lodo (acrescidos a 80% de substrato comercial) têm uma carga de nutrientes que incrementam as culturas de alface, reduzindo custos de produção de mudas. Encaminhamos uma amostra do lodo para o laboratório para sabermos quais nutrientes existem no material e a quantidade de cada um. Assim, teremos as informações mais precisas”, explica o pesquisador.
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