A Fifa resolveu brecar o caos político que domina a CBF.
Em uma carta ameaçadora, a entidade promete que virá oficialmente ao Brasil no dia 8 de janeiro.
E que analisará a intervenção na entidade, que destituiu o presidente Ednaldo Rodrigues, ao afirmar que sua eleição foi ilegal.
A carta enviada à entidade foi em conjunto com a Conmebol.
O teor é firme.
E avisa que, se o interventor realizar eleições em 30 dias, como promete, os clubes e as seleções do Brasil poderão ser seriamente punidos. Serão impedidos de disputar competições internacionais.
O motivo é a interferência na CBF. No caso, a Justiça Comum.
Não há meias palavras em relação à eleição.
"Como previamente informado para a CBF, a Fifa e a Conmebol vão despachar uma missão conjunta para o Brasil durante a semana do dia 8 de janeiro para se encontrar com os respectivos envolvidos e examinar a atual situação, e trabalhar juntamente para achar uma solução para o atual estado do tema com respeito à aplicação das regras da CBF e da sua autonomia. A Fifa e a Conmebol gostariam de enfatizar fortemente que, antes que essa missão ocorra, nenhuma decisão afetando a CBF, incluindo qualquer eleição ou marcação de eleição, deve ser tomada. Se isso não for respeitado, a Fifa não terá outra opção a não ser submeter o assunto para seu relevante órgão de decisões para considerar e decidir, o que pode também incluir uma suspensão.
"A esse respeito, para o bem da ordem, nós gostaríamos também de ressaltar que, se a CBF eventualmente for suspensa pelo corpo relevante da Fifa, ela iria perder todos os seus direitos como membros com efeito imediato até a suspensão ser levantada pela Fifa. Isso também significaria que o representante da CBF e times de clubes não poderiam mais participar de qualquer competição internacional enquanto ela estiver suspensa.
"Além disso, nem a CBF nem os seus membros iriam se beneficiar de programas de desenvolvimento, cursos ou treinos com a Fifa e/ou a Conmebol enquanto essa suspensão estiver válida." A notícia vazou, primeiro, no UOL. Foi confirmada pelo blog.
A situação é simples.
A Fifa vê intervenção como um ataque à liberdade na conduta da CBF.
Por trás desse quadro deprimente, com a entidade pentacampeã do mundo sendo comandada por um interventor, há uma briga política pesadíssima.
De acordo com presidentes de federações estaduais, os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero, banidos do futebol, juntaram forças e influências. Declararam guerra a Ednaldo Rodrigues. Costuraram acordos para provar que a eleição que o colocou no cargo teria sido irregular.
Afastado do cargo, Ednaldo teria procurado apoio na Conmebol e na Fifa para impedir uma nova eleição.
Por isso, representantes da Fifa e da Conmebol deverão chegar ao país no dia 8 de janeiro.
O resultado desse selvagem confronto se reflete na seleção brasileira.
O treinador italiano Carlo Ancelotti se sente livre do compromisso que tinha com Ednaldo Rodrigues.
Não quer mais largar o Real Madrid para assumir como técnico do Brasil, com tamanha confusão, luta pelo poder. Ninguém garante que, se Ednaldo vencer agora, não possam acontecer novas manobras contra ele até a Copa do Mundo de 2026.
Nem mesmo Fernando Diniz, o treinador interino, sabe se voltará a comandar o Brasil em 2024.
"Tudo precisa ser esclarecido", disse o técnico, na Arábia Saudita, após a derrota da final do Mundial de Clubes.
Ou seja, é necessário saber quem manda.
E se esse presidente, se não for Ednaldo, o quer mesmo como interino.
Itaú, Mastercard e Vivo escreveram uma carta conjunta assumindo a preocupação com a situação da CBF.
Usaram termos pesados: "Profunda insatisfação com o modelo de gestão administrativa e liderança adotada pela confederação".
Há a ameaça velada de que a Fifa, por causa da intervenção, possa impedir que clubes brasileiros, e até a seleção, disputem partidas internacionais.
A certeza, só no dia 8 de janeiro.
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