A expressão “centroavante” entre jogadores e cronistas do futebol, remete automaticamente àquele indivíduo que tem a obrigação de marcar gols. É o atacante que os meias armadores e os pontas ou alas procuram incansavelmente. É este jogador que sempre está a postos para finalizar. Isso, porém, não significa que este jogador seja o artilheiro da temporada, ou figure entre os maiores goleadores de sua equipe. Alguns exemplos saltam aos olhos, basta uma olhada pela história para nos depararmos com meias goleadores, a exemplo de Pelé, Neymar e pontas clássicos como Pepe.
Falemos então de goleadores. Vavá, o centroavante “peito de aço”, marcou presença no futebol brasileiro nas décadas de 1950 e 1958, é o único jogador da história a marcar gols em duas finais consecutivas de copa do mundo, 1958 e 1962. Vavá dominava a pequena área, parecia ter um ímã atraindo para si as jogadas de gol. Exímio finalizador, encantava pelo reflexo e velocidade na decisão de chutar em gol. Atuou pelo Vasco, Palmeiras, Atlético de Madrid e América do México, e Portuguesa Carioca, clube no qual encerrou sua carreira em 1969.
Não fosse a lesão sofrida no seu olho esquerdo, um descolamento de retina que lhe abreviou a carreira, Tostão teria sido ainda mais gigantesco. Sua carreira profissional começa bem cedo, ainda aos dezesseis anos pelo América de Minas. Em 1964, transfere-se para o Cruzeiro, tornando-se um dos maiores ídolos da história. Pelo Cruzeiro, Tostão marcou 249 gols. Jogou duas copas pelo Brasil, 1966 e 1970. A imprensa europeia da época, afirma que em 1970, Tostão foi o melhor jogador da copa. Com a carreira profissional precocemente interrompida, Tostão dedicou-se aos estudos, formando em Clínica Geral no fim dos anos 1970. Hoje, figura entre os mais lúcidos e competentes analistas do futebol.
Se você encontrasse no site Futdados a informação de que outro fenômeno surgiria também no Cruzeiro, era só apostar. Ronaldo Nazário, o nosso primeiro Ronaldinho, aquele que entraria para a história do futebol como Ronaldo Fenômeno, teve uma das mais brilhantes carreiras que a modalidade já presenciou. Jogou pelo Cruzeiro, PSV da Holanda, Barcelona, Internazionale, Real Madrid, encerrando sua carreira no Corinthians paulista. Sucessivas lesões nos dois joelhos não impediram que o Fenômeno jogasse a copa de 2002. Com muita garra e determinação, Ronaldo se consagrou como o melhor jogador do certame; sagrou-se pentacampeão e, de quebra, marcou os dois gols na final contra a Alemanha. É o maior artilheiro da seleção em copas do mundo com 15 gols.
Sabe aquele sujeito que você não escolheria para jogar no seu time? Você olharia para o baixinho e pensaria “além de tudo parece que está sonhando”. Você não o escolheria e depois amargaria o maior arrependimento da sua vida. Romário é da estirpe dos gênios. Velocidade com as pernas e com o raciocínio, faro de gol apurado, visão de jogo fora do comum, Romário marcou época no futebol e fora de campo. Dono de declarações polêmicas e atitudes não menos impactantes, posicionava-se como um jogador clássico, do tipo “treino é treino, jogo é jogo”. Em 1994, foi o melhor jogador da seleção brasileira na copa e, no mesmo ano, eleito o melhor do mundo. Para que tenhamos a exata dimensão do baixinho, foi artilheiro em 28 das 83 competições que disputou, algo em torno de 30%, além disso foi ídolo no Vasco, Flamengo e Fluminense, além de ser uma lenda no Barcelona.
1110 partidas. 708 gols. Números impressionantes e que pertencem ao maior ídolo de toda a história do Vasco da Gama, Roberto Dinamite. Pelo clube cruzmaltino jogou 21 dos 22 anos como atleta profissional. Histórias semelhantes, só Pelé e Rogério Ceni. Dinamite é o maior artilheiro do campeonato brasileiro com 190 gols. Curiosamente, não se destacou pela seleção brasileira, mesmo assim foram 26 tentos assinalados vestindo a amarelinha.
Não fossem as constantes lesões e Reinaldo teria sido muito mais prestigiado e celebrado. Mas o que o lendário centroavante do Atlético Mineiro conseguiu demonstrar em sua carreira já é o bastante para carimbar um lugar entre os melhores brasileiros da história. Reinaldo atuou entre 1973 e 1988. Pelo Galo, disputou 475 partidas, anotando 255 gols. Reinaldo não foi apenas um profissional do futebol fora de série, foi e é, um cidadão de primeira grandeza, engajado em causas sociais e políticas. Participou de seis conquistas regionais pelo Atlético e depois se transferiu para outros times, mas não conseguiu se livrar dos problemas no joelho. Quem o viu em ação, sabe que não é exagero colocá-lo entre os mais talentosos de todos os tempos.
Garrincha e Pelé, quem teria coragem de deixá-los de fora? Garrincha foi ídolo do Botafogo e da seleção brasileira. O “anjo das pernas tortas” entortou zagueiros mundo afora. Conta a lenda que muitos ainda o procuram em campo, descrentes de como foram fintados por ele. O carioca de Magé foi o maior astro do Botafogo, clube que defendeu entre 1953 e 1965. Pela seleção brasileira, jogou as copas de 1958 e 1962. No Chile, o bicampeonato está diretamente relacionado à sua presença em campo. Com Pelé machucado, Garrincha chamou a responsabilidade para si; foi artilheiro da competição e eleito o melhor jogador.
Pelé, o rei do futebol, eleito o maior atleta do século XX, é o homem que mais gols marcou na história do futebol. Foram 1281 tentos assinalados, principalmente pelo Santos e pela seleção brasileira onde marcou 77 gols em 92 jogos. Pelo time praiano ganhou tudo, estaduais, nacionais, sul-americanos, mundiais. Pela seleção foi tricampeão mundial. Além do alvinegro santista, só jogou por mais um clube, o Cosmos de Nova Iorque onde encerrou a carreira. Não há notícia sobre nenhum outro atleta que tenha parado uma guerra; Pelé o fez em Biafra, país africano onde ocorria uma sangrenta guerra civil, Os dois lados envolvidos no conflito se deram trégua para ver o Rei jogar.
Talento nunca faltou aos atacantes brasileiros e nessa descrição cabem ainda tantos outros. Nomes como Pepe, ponteiro esquerdo do Santos na era Pelé, e que marcou mais de 700 gols, Jairzinho, o furacão da copa de 1970, Careca, o astro do Guarani, São Paulo e Napoli, figuras folclóricas, mas não menos talentosas como César, atacante palmeirense nos anos 1970, e Túlio que perseguiu seu milésimo gol como quem persegue uma fortuna. Alguém mais? Claro! Mas deixemos para uma próxima.
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