14/10/2022 15:18:34
Polícia
PF investiga grupo que pagava para mulheres para se candidatarem no AP
Investigação revela que policial penal assessor de deputado estadual do Amapá recrutou candidatas "laranjas" para concorrer nestas eleições
PF

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta sexta-feira (14/10), a Operação Maquilagem. Os policiais apuram suspeitas de associação criminosa, falsidade ideológica eleitoral, captação ilícita de sufrágio e peculato. A corporação investiga um esquema de compra de votos e captação de pessoas para candidaturas femininas fraudulentas, com ofertas de vantagens indevidas por meio de recursos do fundo partidário.

Os investigadores cumprem três mandados de busca e apreensão em Macapá, expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral no Amapá (TRE-AP), na casa de um suspeito de executar o esquema no comitê de campanha de um deputado estadual e no gabinete desse parlamentar na Assembleia Legislativa (Alap).

A PF verificou que um policial penal, também assessor de um parlamentar estadual, teria oferecido a uma policial oportunidade para se candidatar nas eleições de 2022, pois haveria vaga para uma militar se lançar pelo partido.

O executor do esquema anunciava um dos principais benefícios que a possível candidata teria: dispensa de 90 dias em razão do prazo para desincompatibilização da corporação, quando há recebimento integral dos vencimentos no serviço público.

À potencial candidata, o suspeito também ofereceu uma cota do fundo partidário para ser usada na campanha, no valor de R$ 30 mil. Para isso, disse que ela precisaria de apenas 30 votos, a fim de burlar uma eventual fiscalização.

O executor do esquema de candidaturas laranjas explicava que a assessoria de um parlamentar estadual se encarregaria de conseguir os votos, o que revela indícios de compra. Na tentativa de convencer a PM, o suspeito também prometeu a ela um cargo na Assembleia Legislativa do Amapá. Além disso, instruía possíveis candidatas do sexo feminino de que não precisariam fazer campanha, apenas gravar a propaganda eleitoral.

Com a manobra, a PF constatou indícios de tentativa de burlar a exigência de percentual mínimo de 30% de candidaturas femininas pelos partidos, previsto na Lei Eleitoral.

Laranjas

O investigado sabia que a policial militar não se elegeria e que a candidatura dela seria fraudulenta, com contrapartida da garantia de um cargo em comissão na ALAP, caso um dos parlamentares do partido vencesse as eleições.

A investigação também verificou que o executor do esquema procuraria outras “candidatas” caso a policial militar não aceitasse a proposta, o que demonstrou “fortes indícios” do intuito de forjar candidaturas femininas e revelou o modus operandi de repetição da conduta, para concretizar as fraudes.

A PF identificou sinais de que haveria uma “contabilidade fraudulenta” para obtenção dos valores às “candidatas”, os quais não se destinariam ao pagamento legítimo de despesas eleitorais, mas à remuneração dos concorrentes laranjas, o que caracteriza crime de peculato.

Os investigados podem responder por peculato, falsidade ideológica eleitoral, associação criminosa e compra de votos, cujas penas somadas podem chegar a 27 anos de prisão.

Maquilagem

O nome da operação faz referência às irregularidades na cota feminina, que maquiavam a real intenção do esquema: fraudar ou desviar recursos do fundo partidário.

Fonte: Metrópoles

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