19/01/2023 06:11:47
Polícia
Alunos acusam dono de empresa do golpe da formatura
Eles dizem que sonho da festa se tornou um pesadelo após descobriram que foram vítimas de um golpe
TV Pajuçara
Gazetaweb

O sonho de formatura se tornou um pesadelo para uma turma do curso de Técnico de Enfermagem do Centro Educacional de Ensino Santa Juliana. A festa, que incluía colação de grau e baile, não aconteceu após os alunos, conforme relatos, terem sido vítimas de um golpe e só descobrirem a situação na última sexta-feira (13). Nesta quinta-feira (19), quando ocorreria a formatura, as vítimas devem comparecer à Polícia Civil para registrar um Boletim de Ocorrência contra o cerimonialista Felipe Lima .

Segundo alunos que se sentem lesados, eles efetuaram todo o pagamento para a realização do baile, incluindo o valor do aluguel do espaço onde a festa ocorreria. No entanto, o cerimonialista, responsável pelo recebimento do dinheiro, não havia feito o pagamento para os fornecedores, assim, não havia pagamento para o baile, ornamentação, buffet, bandas, DJs e nem iluminação. Além disso, ele teria pago apenas 50% do valor do aluguel do espaço onde o evento seria realizado.

Segundo uma das formandas e oradora escolhida pela turma, Lucélia Cassiano, além do susto, do prejuízo financeiro, a questão emocional é "algo sem precedentes". Conforme explicou, a formação em enfermagem é um projeto de vida e a formatura seria a conclusão com "chave de ouro" desse novo passo para todos.

Lucélia diz ter contratado os serviços do cerimonialista e que investiu recursos em maquiagem, roupas para ela, os filhos e o marido, bem como senhas extras para que amigos e familiares tivessem acesso ao baile. Num primeiro levantamento, ela diz que teve um prejuízo financeiro de R$ 1.400 reais.

"Paguei os R$ 600 de forma parcelada, com R$ 300 reais à vista. Paguei isso com o apoio do meu esposo, pois não trabalho. E, para outras coisas ainda tive a ajuda dos meus pais. A formatura ocorreria amanhã no Espaço Fama no Trapiche da Barra", disse com voz embargada.

Ela conta que tanto ela, quanto outros colegas estão desolados com crises de choro e a sensação "terrível de terem sido enganados". Segundo Lucélia, houve um excesso de confiança de toda a turma, mas porque o cerimonialista já havia feito outros eventos com turmas do centro educacional.

"Claro que agora fica aquela sensação de que deveríamos ter checado mais detalhes. Mas, a verdade é que confiamos porque ele sempre fez os eventos com outras turmas. Isso nós confirmamos com outros alunos", completou a formanda vítima do golpe.

Os formandos em enfermagem ficaram sem a formatura, o baile e as fotos. Eles fizeram as imagens em estúdio, na praia e na escadaria da Associação Comercial. Mas, como a empresa contratada para as fotografias também não recebeu, nenhum dos registros foram liberados.

Silêncio

Segundo os formados, o último contato telefônico que Felipe atendeu da Comissão de Formatura foi na segunda-feira (16), quando teria disto que estava tentando resolver os detalhes para que o evento ocorresse.

"Num primeiro momento ele disse que tudo era um mal entendido e que teve a conta bancária bloqueada, mas que estava resolvendo e que daria tempo fazer o evento acontecer. Mas, depois não atendeu mais as ligações e ninguém o encontra. Descobrimos que até o endereço que tem no contrato que assinou não é o dele", lembrou a estudante de enfermagem.

Ela acrescenta que, em meio ao choro, revolta e a sensação de que foram lesados, Felipe continuava mantendo contato com representante de outras turmas do Centro Educacional. Lucélia revela que, a partir do momento que os alunos souberam do problema, descobriram que turmas de outras instituições de ensino também foram lesados da mesma forma.

Em média, o prejuízo, segundo os denunciantes, gira em torno de R$ 60 mil a R$ 90 mil por turma, a depender da oferta de serviços, do número de convidados, presença de um ou dois DJs, além de bandas para animar a noite.

Apoio jurídico

Os estudantes procuraram apoio jurídico com o objetivo reaver na Justiça os valores que gastaram. Conforme explicou a advogada Adriana Mendonça, que representa uma das turmas lesadas, a reparação do dano financeiro é um caminho possível no momento. Por isso, o primeiro passo é o registro da ocorrência para que seja aberto um inquérito policial.

"Por outro lado tem o dano emocional que é irreparável. Estamos lidando com o sonho de estudantes e famílias inteiras que muitas vezes tiraram de onde não tinham para pagar os cursos e, posteriormente, o próprio evento. E eles também estão abalados", explicou a advogada.

A advogada cita o caso de uma das estudantes do curso de pedagogia, que também aponta ter sido do vítima do mesmo golpe. "Essa pessoa é a primeira da família a ter um curso superior. A mãe é empregada doméstica e ela até o final de semana passado trabalhou para ganhar R$ 200 reais e pagar por copos personalizados para a festa. Imagine a frustração agora. Admito que quando ouvi o que cada um passou cheguei a chorar com eles", contou Adriana.

Defesa

O cerimonialista Felipe Lima divulgou uma nota nas redes sociais na última segunda-feira (16). Na publicação, ele se defende das acusações e cita alguns eventos das quais foi apontado como suspeito de aplicar um golpe. Ele diz que, em um dos eventos, a formatura irá ocorrer em outra data daquela prevista e que uma comissão de pais está providenciando uma nota data para a festa.

"Em nenhum momento dissemos que não iria ter evento, mesmo com déficit nos pagamentos e com pessoas ainda que desistiram sem pagar a formatura", ele se explica, citando que, para outra formatura, a festa foi realizada no último final de semana. "Quem continuar postando falsas acusações estaremos tirando prints e acionando o jurídico, até porque tem prints com ameaças de morte e incitação a violência e isso é totalmente crime. Em breve voltamos com mais esclarecimentos", afirmou em nota.

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