31/12/2022 10:41:00
Polícia
Declaração de óbito de jovem cearense morta com amiga na Rocinha aponta lesões
Nesta sexta-feira, agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) prenderam Armando Mendes, de 23 anos, marido de Analice
ReproduçãoJovens
Redação com Extra

 A declaração de óbito de Francisca Analice Ferreira Mendes, 20, encontrada morta junto da amiga de infância, Estephany Alves, 19, em uma casa na Rocinha, na madrugada de quinta-feira — ao qual o EXTRA teve acesso — aponta que a jovem morreu por “lesão dos vasos do pescoço, esôfago e traqueia” causados por “ação perfurocortante”, ou seja, uma faca. Antônio Ferreira, irmão de Analice, foi quem fez o reconhecimento do corpo no Instituto Médico-Legal (IML). Antônio afirma que a irmã teve duas perfurações no pescoço e que, segundo médicos da unidade, estaria descartada a possibilidade de suicídio.

Nesta sexta-feira, agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) prenderam Armando Mendes, de 23 anos, marido de Analice, como principal suspeito de cometer os crimes. O pedido de prisão temporária foi feito pela polícia, após serem encontrados uma blusa com sangue e chinelo utilizados pelo suspeito no dia das mortes.

Na tarde de quinta-feira, horas após o crime, o garçom compareceu à Delegacia de Homicídios, na Barra da Tijuca, com familiares das vítimas para prestar depoimento. De cabeça baixa e olhos lacrimejados, ele afirmou ao EXTRA estar consternado com o que havia acontecido.

— Eu trabalho como garçom em Ipanema, faço plantão no turno da noite. Cheguei a mandar uma mensagem para ela ainda do trabalho. Tava tudo normal. Estou muito triste com o que aconteceu. Sem condições de falar muito — disse Armando, na porta da delegacia.

As duas amigas foram localizadas por familiares, já sem vida, dentro da casa onde Estephany morava com a tia, na comunidade da Rocinha, conhecida como "Raiz". Estephany estava na cama com um corte profundo no pescoço e sem muitas manchas de sangue. Já Analice estava de bruços, deitada no chão do banheiro, com uma faca de serra na mão. A porta do imóvel estava trancada, sem sinal de arrombamento e com as luzes apagadas. Do lado de fora, vizinhos disseram não ter ouvido nenhum barulho.

Analice e Etaphany eram amigas de infância e moravam no Rio a pouco tempo. As duas residiam próximo uma da outra e tinham o hábito, segundo a família, de passar a tarde juntas. No dia em foram mortas, avisaram aos familiares que se encontrariam.

Na delegacia, Silmara Mendes, irmã de Analice, desde o crime vinha afirmando não acreditar que as amigas de infância tinham brigado até a morte. A atendente contou ao EXTRA que a irmã era uma pessoa dócil, meiga e muito próxima à família.

Em depoimento à polícia, Silmara afirmou desconfiar de que Analice e a amiga tinham sido assassinadas, já que dentro do imóvel não havia sinais de luta corporal, objetos quebrados e manchas de sangue no quarto. Além disso, os celulares das duas vítimas (um Iphone e um Smartphone) e o RG da Estephany não estavam na cena do crime. O único local da casa com sangue, segundo ela, era o banheiro onde foi encontrado o corpo da irmã.

— Espero que a polícia encontre o responsável e faça justiça. Minha irmã não brigou com a amiga. Ela era uma pessoa calma, não era de se envolver em briga. Tudo indica haver uma terceira pessoa. Quero que isso se resolva logo e, se houver culpado, que ele seja preso — pontuou Silmara.

Após diligências feitas na casa onde as amigas foram mortas e depoimentos colhidos, a polícia chegou ao suspeito. No entanto, a motivação do crime, segundo as investigações, ainda é um mistério e segue sendo apurada pelos responsáveis.

'Eram meninas de bem' - Carlos Ryan Paiva, de 22 anos, irmão mais velho de Estephany, trabalha como garçom em um estabelecimento em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Na noite em que a irmã foi morta, disse que recebeu uma ligação da tia, por volta de 1h33 da manhã, avisando que "Estephany tinha feito besteira". No momento, ele não fazia ideia do que tinha ocorrido. Chegou em casa, deixou a mochila e foi até o encontro delas achando que a irmã estava machucada.

— Minha tia me ligou chorando, ela estava muito nervosa. Disse que minha irmã não estava bem e que tinha sangue. Eu já estava em casa essa hora e fui até a casa dela ver o que tinha acontecido. Quando cheguei lá, vi o corpo das duas — afirmou Ryan.

Estephany chegou ao Rio há duas semanas para morar com a tia, Helena Alves, na Rocinha, em uma localidade conhecida como "Raiz". Já foi casada e morava em São Paulo com o ex-marido. Segundo o irmão da vítima, ela não comentava muito sobre o término do relacionamento, mas dizia "estar bem e recomeçando com força no trabalho".

— A gente estava planejando passar o ano novo na praia, mas isso (as mortes) acabou com a família. Nesse momento não dá para saber nada. Minha irmã era uma pessoa de bem. No Natal, ela me disse que não estava se relacionando com ninguém. Ela queria trabalhar e batalhar para conseguir as coisas dela no futuro. Eu conheço as duas, nunca teve briga entre elas, sempre se deram muito bem. Acho que alguém matou elas — afirmou Ryan.

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