A mulher autuada em Maceió por exercício ilegal da Medicina, identificada como Helenedja Rodrigues de Oliveira, confessou à polícia, nesta segunda-feira (06), que não tem formação de médica e agora também pode responder por crime de estelionato.
A delegada Luci Mônica, responsável pela investigação do caso, disse ao TNH1, em entrevista por telefone nesta tarde, que a falsa médica, para sustentar a mentira, morou por seis anos no Rio Grande do Sul e enganou até a família dela, que a ajudou financeiramente por acreditar que Helenedja cursava Medicina no estado do Sul. A mulher esteve na delegacia nesta manhã acompanhada de advogado.
"Nós recebemos ela nesta segunda-feira, para ela ser ouvida pela segunda vez. Na primeira, ela foi autuada por exercício ilegal da profissão, pois não tinha mostrado nenhuma documentação que comprovasse ser médica formada. Ela deu o número do CRM, disse que estudou em uma universidade no Rio Grande do Sul, mas tudo falso. Não tinha nada disso, e nós comprovamos. Foi feito o TCO e encaminhado à Justiça. Desta vez, ela veio já para confessar, disse que inventou o número do CRM e chorou durante o depoimento", contou Luci Mônica.
"Nós tínhamos intimado a mãe dela, e depois do depoimento, descobrimos que ela enganou até os familiares. A mãe então disse que ela viria na delegacia nesta segunda para depor, porque não dava mais para sustentar essa mentira. E aí hoje tudo que a falsa médica disse anteriormente foi desmentido por ela mesma", continuou a delegada.
Sonho em ser médica - A "Dra. Helenedja Oliveira", como se apresentava para os pacientes no Harmony Medical Center, no bairro de Jatiúca, disse em depoimento que tomou a atitude de se passar por médica por ter o sonho de cursar Medicina. Antes da farsa, ela tentou vestibular em 2007, mas não foi aprovada.
"Ela disse que tinha esse sonho, mas nunca conseguiu realizá-lo. Ela disse que cursou Farmácia, mas trancou a faculdade, depois cursou Nutrição, mas trancou também. Aí ela teve a ideia de dizer à família que ia fazer prova para tentar Medicina em outro local. Foi ao Mato Grosso, mas ficou pouco tempo, e depois foi para o Rio Grande do Sul, onde morou por seis anos".
Família enviou dinheiro para mulher morar no Rio Grande do Sul - A delegada destacou que Helenedja recebia dinheiro da família, que acreditava ajudá-la financeiramente para que ela pudesse pagar as contas e ter uma renda para a universidade.
"Ela passou seis anos fazendo nada no Rio Grande do Sul. Disse que lia livros e ficava viajando, voltava para Maceió e depois seguia para o Sul de novo. Disse que tinha passado na federal e na particular, mas que iria cursar a federal. Tudo mentira. Aí depois de seis anos, ela achou que o período já tinha sido cumprido, e retornou de vez para Alagoas".
Em Maceió, Helenedja disse para os parentes que havia concluído o curso e que ia investir na carreira de médica. "A família já tinha sustentado ela sem saber durante os seis anos, e depois ainda teve que investir nela, para montar o consultório, para comprar os materiais que a profissão exige", afirmou a delegada.
Atendeu pacientes por 9 meses em Maceió - A falsa médica contou que passou a atender pacientes há nove meses e já tinha trabalhado em outro local da área nobre da cidade, antes de se instalar no Harmony Medical Center.
"Ela disse que nunca recebeu reclamações de pacientes, sempre foi elogiada, e era muito querida no local de trabalho. Ela passava receitas, cobrava por consulta, levava uma vida de profissional mesmo. Ela prescrevia medicamentos, analisava resultado de exames e passava remédios".
Novos depoimentos antes da conclusão do inquérito - Agora a polícia vai ouvir mais pessoas antes de concluir o inquérito. Entre as que serão intimadas estão o marido da falsa médica, a dentista que ela fez parceria para abrir o consultório e o médico que indicava pacientes para ela, e segundo a delegada, a suspeita foi de que todos eles também foram enganados pela mulher.
"Nós ainda não podemos afirmar, mas pelo que a gente já colheu, essa falsa médica conseguiu guardar esse segredo de todo mundo, ela foi capaz de não contar para ninguém", complementou a delegada.
Relembre o caso - No dia 10 de abril deste ano, a Polícia Civil recebeu denúncia do Conselho Regional de Medicina de Alagoas e autuou a mulher que se passava por médica nutróloga e com especialização em oncologia metabólica, mas sem o diploma, na capital alagoana. À época, a mulher não ficou presa, mas precisou assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por exercício ilegal da profissão.
Segundo uma paciente, que foi vítima de Helenedja, afirmou que pagou R$ 480 pela consulta e que recebeu receita ao fim dela. Além de atender presencialmente, a falsa médica dava dicas de nutrição nas redes sociais.
O TNH1 ligou para o contato da defesa de Helenedja Oliveira, mas a chamada não foi atendida. A reportagem deixa o espaço aberto para manifestação dela.
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