A futura ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, divulgou na manhã desta quinta-feira a aliados políticos que será a escolhida pelo futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a pasta. Ela assumirá o cargo 14 anos após ter comandado o mesmo ministério durante os dois governos do petista, entre 2003 e 2008.
"Prezados e prezadas companheiros e companheiras de transição, acabei de receber a confirmação pública de minha ida para o Ministério do Meio Ambiente. Também de que o anúncio oficial será logo mais às 11 horas no CCBB, juntamente com as demais ministras e ministros. Para mim sua presença é muito importante", escreveu Marina, em uma mensagem à qual O GLOBO teve acesso.
Com 64 anos, Marina Silva é ambientalista e historiadora formada pela Universidade Federal do Acre. Antes de ingressar na política, viveu em um convento por dois anos, onde aprendeu a ler e escrever, e foi professora da rede estadual.
Nascida em um seringal perto de Rio Branco, ela organizou movimentos sindicais e em defesa dos mais pobres. Foi vereadora em Rio Branco e deputada estadual no Acre. Em 1994, se elegeu senadora pelo primeiro de dois mandatos, aos 36 anos. O último se encerrou em 2010.
Suas bandeiras políticas incluem o combate à discriminação e ao desmatamento, a defesa de direitos dos indígenas e o fim da reeleição, por exemplo.
Assassinato e tragédia aérea
Marina Silva foi amiga de Chico Mendes, seringueiro e ativista do meio ambiente morto em Xapuri (Acre), em dezembro de 1988, símbolo de resistência dos povos da floresta. Na companhia dele, Marina, aos 26 anos, fundou a Central Única dos Trabalhadores no estado.
Em 2014, um acidente aéreo matou o candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, além de outras seis pessoas. Marina, que era vice na chapa e filiada ao partido, foi escolhida para preencher a vaga aberta pela tragédia. Obteve 22 milhões de votos e terminou em terceiro lugar, mas saiu magoada com o PT.
As críticas sofridas pelo partido da candidata Dilma Rousseff durante a campanha reforçaram a mágoa dos tempos em que deixou o ministério, em 2008, por discordar da política ambiental do então governo. À época, Marina deixou o PT, partido que ajudou a fundar no Acre, para se filiar ao PV.
No segundo turno das eleições de 2014, ela apoiou o candidato do PSDB, Aécio Neves. Em 2015, fundou o partido Rede Sustentabilidade. Durante o processo de impeachment de Dilma, declarou-se favorável à cassação da chapa do PT, ao sugerir a convocação de novas eleições.
Candidata à Presidência em 2018, recebeu apenas 1 milhão de votos. A reaproximação com o PT se deu este ano, quando Marina anunciou apoio à candidatura de Fernando Haddad ao governo de São Paulo. Marina foi cotada para vice de Haddad, mas preferiu disputar uma vaga na Câmara. Eleita deputada federal por São Paulo, com 237 mil votos, ajudou a Rede a ultrapassar a cláusula de barreira, que exige um mínimo necessário de votos para manter o partido no parlamento.
Durante a transição, a ex-senadora foi escalada por Lula para compor a coordenação do grupo técnico dedicado ao Meio Ambiente ao lado de outros dois ex-ministros, os ambientalistas Carlos Minc e Izabella Teixeira. Ao GLOBO, Marina defendeu como uma das prioridades para o novo governo a revogação de decretos e normas ambientais editadas durante o governo Bolsonaro.
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