O sonho de alagoanos de uma vida melhor em uma fazenda de café em Minas Gerais acabou em pesadelo. Em um vídeo que circula nas redes sociais, um grupo de trabalhadores denuncia condições de trabalho análogo à escravidão em uma fazenda de café, no interior do estado mineiros. Uma mulher cercada de um grupo de homens diz que são onze trabalhadores no total, todos naturais de Penedo, cidade do Baixo São Francisco, e apela para que sejam resgatados.
"Viemos de Alagoas para trabalhar com o café. Eu vim como cozinheira e os meninos vieram para colher o café, mas quando a gente chegou aqui não tinha café suficiente para se colher. O dono da fazenda está ameaçando a gente, falando que se quisermos ir embora, podemos ir, mas que está com nossa documentação e que a qualquer momento vai atrás com a polícia", denuncia a porta-voz.
A mulher continua dizendo que o grupo acumula uma dívida de quase R$ 11 mil com o empregador, mas que sem café para colher, os trabalhadores não têm como pagar. "A gente precisa comer e a cada dia a dívida só aumenta. Comida a gente tem, mas porque ele está comprando, a dívida está quase em R$ 11 mil", diz.
Sobre a dívida, ela segue dizendo que sem trabalhar, não tem como pagar e apela para que o grupo seja resgatado. "A gente não recebeu. Se não tem café, não temos como pagar a dívida. A gente não tem dinheiro para ir embora. Se não tem café, a gente não consegue pagar", expõe.
Noutra parte do vídeo, outro trabalhador mostra parte do corpo com diversas manchas vermelhas, segundo ele, causadas pelos muitos mosquitos e diz que o grupo também sofre com a infestação dos insetos na fazenda. A qualidade da água disponibilizada aos trabalhadores também foi exposta. Ao final do vídeo, um trabalhador filma uma caixa d'água com sujeira aparente e diz que o grupo consumiu a água por três dias sem saber a procedência.
Prefeitura faz denúncia no Ministério Público
O TNH1 procurou a Prefeitura da cidade, que disse ter tomado conhecimento do vídeo no dia 13 de maio - coincidentemente dia da abolição da escravatura no Brasil - e que formalizou a denúncia no Ministério Público do Trabalho de Alagoas (MPT/AL).
"De imediato, a Prefeitura de Penedo formalizou denúncia ao Ministério Público do Trabalho, para adotar todas as medidas cabíveis visando à localização e ao amparo dos envolvidos. A Secretaria Municipal de Assistência Social de Penedo está monitorando o desenvolvimento do caso com máxima atenção e já se colocou à disposição para facilitar o retorno seguro desses cidadãos a seu município de origem", informou.
A reportagem também procurou o MPT, que disse ter conhecimento da denúncia, mas que não pode dar detalhes. "O MPT está apurando, mas não pode repassar mais informações para não atrapalhar as investigações".
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