Oito municípios alagoanos já foram impactados com a vazão de usinas hidroelétricas e o aumento do nível da água do Rio São Francisco. A informação foi passada ao TNH1 na manhã desta quarta-feira, 18, pelo major Rômulo Guedes, assessor técnico da Defesa Civil Estadual. As cidades ribeirinhas já apresentam pontos de alagamentos, mas até o momento não há registro de pessoas desabrigadas ou desalojadas.
Anteriormente, as autoridades haviam alertado para o volume de água das comportas de hidroelétricas da região que aumentaria a vazão gradativamente, a partir da segunda semana do mês de janeiro, com a previsão de chegar a 4 mil metros cúbicos por segundo (m³/s). Ou seja, aproximadamente oito vezes a medida avaliada como normal. Além de Alagoas, o estado de Sergipe também foi atingido.
Segundo a Defesa Civil Estadual, os municípios de Penedo, Igreja Nova, Porto Real do Colégio, São Brás, Traipu, Belo Monte, Pão de Açúcar e Piranhas já registraram o aumento de vazão de 1.500 a 4. 000 m³/s, conforme era previsto.
"De Piranhas até Penedo, todas as cidades estão impactadas. O alagamento já é peculiaridade de cada município. Então estamos diariamente em contato com os órgãos municipais e monitorando a situação. Até agora, o número é zero de pessoas realocadas, de desabrigados e desalojados", disse o major Rômulo Guedes.
"Nessas cidades ribeirinhas há muitos bares e restaurantes na beira do rio. Os administradores se aproveitam quando o nível do rio está baixo e colocam suas cadeiras, suas mesas, mas neste momento, foi necessária a realocação disso. Houve a retirada de equipamentos e de parte da estrutura desses locais por causa da vazão", acrescentou.
Ainda de acordo com Guedes, o órgão segue em constante monitoramento. "Já orientamos sobre as medidas preventivas e a população está consciente do que fazer em caso de a água do rio atingi-los. Assim como a Defesa Civil de cada município, também já atua nas localidades. A Defesa Civil Estadual segue com o monitoramento", disse.
Em contato com o TNH1, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) explicou que o nível da água vai permanecer no patamar de 4.000 m³/s até o fim de janeiro, sem apresentar oscilação. Porém, há preocupação de que chuvas previstas para as próximas duas semanas possam ampliar o transbordamento do rio em fevereiro. A situação segue sendo acompanhada pela equipe responsável.
Prefeitura de Penedo acompanha situação - Em Penedo, a Defesa Civil da cidade divulgou a medição do nível do Rio São Francisco até às 17h dessa terça-feira, com 3,29 metros. A previsão é de que atinja o patamar de 4.000 m³/s nesta quarta-feira, 18. A prefeitura do município, no entanto, destaca que não há motivo para pânico e preocupação por desastres naturais.
"Não é situação de pânico. Como é uma cidade ribeirinha, a população já sabe a vazão que vai dá, e a gente sempre monitora e colocamos avisos em veículos de comunicação, carros de som, para a comunidade se alertar em relação à retirada de animais de ilhas, que podem morrer afogados. Em residência, é difícil ter alguma situação, só se for em zona rural, mas todos já foram alertados", disse o secretário de comunicação Kim Emmanuel.
"Não vai ser inundação de casas ou outros locais, mas vão ter locais alagados, por exemplo na praia do Velho Chico. Tem umas barracas, mas a Defesa Civil já trabalhou para a retirada do pessoal de lá", continuou.
O coordenador da Defesa Civil do município, Geraldo Sabino, destacou em vídeo que esteve às margens do rio para passar orientações à população.
Chesf divulga carta circular - No último dia 10, a Eletrobras Chesf informou, por meio de carta circular, a programação da elevação para os reservatórios de Sobradinho e Xingó.
"Em continuidade ao processo de divulgação de informações a respeito da operação dos reservatórios da Bacia do Rio São Francisco, conforme tratativas entre Eletrobras Chesf e o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS, comunicadas na 1ª Reunião de Acompanhamento das Condições de Operação do Sistema Hídrico do Rio São Francisco, ocorrida na data de hoje, 10/01/2023, daremos continuidade ao processo de elevação gradual das defluências para os reservatórios de Sobradinho e Xingó", mostra trecho do documento.
Na carta, a Chesf reforçou ainda que a vazão máxima de 4.000 m³/s não deve extrapolar a calha principal do Rio São Francisco e corresponde à metade do valor da descarga de restrição no trecho de Sobradinho até a Foz.
"É fundamental chamar atenção para a importância da não ocupação de áreas ribeirinhas situadas na calha principal do rio, haja vista o período úmido em curso e a possibilidade de elevação das vazões para valores acima de 4.000 m³/s, a depender da evolução do quadro de chuvas na Bacia", destacou na parte final da carta.
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