Poucos meses antes de ser assassinada pelo ex-marido, o engenheiro Paulo José Arronenzi, a juíza Viviane Vieira do Amaral deu detalhes sobre o relacionamento abusivo que vivia em mensagens enviadas a uma amiga. Nos áudios ela também relata que Paulo José passou a extorquir dinheiro dela após o rompimento, pedindo que ela fizesse depósitos em sua conta. Na véspera de Natal, o engenheiro matou Viviane a facadas na frente das três filhas do casal.
"Eu morro de medo dele, sempre fiquei pianinho com medo das alterações dele, dos desvios de comportamento, das violências que ele fazia", diz a mulher num dos áudios. As mensagens foram entregues à Delegacia de Homicídios (DH) por parentes da juíza e integram o inquérito contra Paulo José.
Viviane também relata que decidiu se separar após um episódio em que o ex-marido jogou um copo no chão ao brigar com uma das filhas e um pedaço de caco de vidro cortou a menina. "Eu estava tentando refazer o meu castelo de areia, mas quando ele machucou a minha filha, chegou ao limite", contou a juíza.
Em outro trecho, ela também contou que, depois da separação, Paulo José a pressionava para que ela desse dinheiro a ele. "Eu achava que depois do divórcio, se eu desse tudo do jeito que ele tava querendo, tudo ia acabar. Mas não, piorou. Depois que ele entregou a chave (do apartamento que o casal alugava na Zona Sul, antes da separação), depois que eu vi aquilo tudo, ele ficava me achacando. Já fiz vários depósitos pra ele. Fica me pedindo dinheiro disso, daquilo. Quando eu vi, já tinha depositado pra ele mais do que ele me deu de pensão esse mês", contou a juíza. O ex-marido estava desempregado há seis anos.
Nessa quarta-feira, o engenheiro foi denunciado pelo Ministério Público do RJ à Justiça pelo assassinato de sua ex-mulher. De acordo com a denúncia, o crime foi motivado pelo inconformismo do acusado com o término do relacionamento, especialmente pelas consequências financeiras do fim do casamento na vida do engenheiro, que está preso em Bangu 8, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio.
Justiça bloqueia R$ 640 mil do engenheiro
A Justiça do Rio determinou o bloqueio de R$ 640 mil encontrados em contas bancárias do engenheiro Paulo José Arronenzi, de 52 anos, que matou a facadas sua ex-mulher, a juíza Viviane Vieira do Amaral, de 45, na véspera do Natal. O objetivo da decisão, tomada pelo juiz João Guilherme Chaves Rosas Filho no sábado, durante o plantão judiciário, é impedir que o dinheiro possa ser enviado para o exterior: o autor do feminicídio tem cidadania italiana e, mesmo preso, teria condições de fazer transferências por meio de terceiros.
O valor passa a ficar disponível para o sustento das três filhas do casal, que estão com a avó materna. As meninas, com idade entre 7 e 9 anos, presenciaram o crime, ocorrido na Barra. Os processos de bloqueio das contas e de concessão da guarda definitiva das crianças para a mãe de Viviane estão sendo acompanhados pelo advogado Alexandre Flexa, contratado pela Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro para dar assistência à família.
O EXTRA localizou duas testemunhas do feminicídio, que lembraram os momentos que o antecederam e os subsequentes. Uma delas contou que viu Paulo José com uma mochila nas costas minutos antes de Viviane chegar de carro com as três filhas para encontrá-lo.
— Ela e as crianças desceram. Os dois (Viviane e Paulo José) falaram algo e, em seguida, ele começou a atacá-la a facadas. Corri, mas, quando cheguei perto, já era tarde demais — lembrou a testemunha, que completou: — Falei para ele não sair dali até a chegada da polícia. Em nenhum momento esboçou reação. Durante os minutos que sucederam a morte da mulher, ele não falou muita coisa, só disse que não iria fugir. Ficou o tempo todo olhando para o corpo. Em seguida, clientes que haviam acabado de sair de um restaurante próximo correram até uma base da Guarda Municipal e chamaram agentes, que o algemaram.
Fonte: Extra
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