Dezenas de trabalhadores de um cruzeiro que ficou preso na costa brasileira durante a pandemia começaram a retornar para casa após quase seis meses e apelos desesperados. No último fim de semana, alguns deles postaram fotos dos preparativos para o tão esperado desembarque.
O grupo, que mora nas Ilhas Maurício, ficou atracado em três navios no porto de Santos, no litoral paulista, desde março. Um dos representantes da tripulação de 101 funcionários afirmou ao jornal inglês The Guardian que eles não recebiam salário da MSC Cruzeiros há mais de um semestre e enfrentavam problemas de saúde física e mental.
"Estamos presos a bordo por sete meses sem nenhum salário e é muito difícil, porque muitos de nós temos filhos, pais idosos para cuidar que também estão nos esperando desesperados", disse um dos trabalhadores ao periódico britânico.
Parte da tripulação iniciou, na última semana, protestos nos conveses dos navios exigindo a repatriação. Eles exibiam cartazes com dizeres como "Basta", "Mandem-nos para casa: nossas vidas importam" e "Também temos família". O grupo se recusou a retornar a suas cabines até que tivesse garantias da viagem de volta para casa.
Os trabalhadores estão a bordo dos navios MSC Poesia, MSC Música e MSC Seaview. Este último entrou em quarentena no dia 30 de abril após dez pessoas testarem positivo para coronavírus. Os passageiros já haviam desembarcado do cruzeiro em 19 de março.
Tripulações no mundo inteiro ficaram presas e isoladas por conta da pandemia mesmo após os passageiros serem autorizados a desembarcar. No caso dos mauricianos, eles aguardam a repatriação desde julho, quando a nação insular reabriu sua fronteiras.
De acordo com a Organização Marítima Internacional (IMO, da sigla em inglês), ainda havia cerca de 300 mil funcionários retidos no mar aguardando repatriação, mesmo com contrato expirado.
A agência de recrutamento da MSC Cruises na ilha, Oceangoers, comunicou que voos foram reservados aos trabalhadores e partiriam esta semana. A equipe cobrava uma confirmação oficial para cessar os protestos. A publicação WSWS reportou que os funcionários relataram o cancelamento de seus retornos em outras oportunidades, sob justificativa de que patrulhas da fronteira das ilhas Maurício vetaram as viagens.
A MSC afirmou que forneceu acomodações, alimentação e todo suporte médico aos funcionários nos navios. A empresa não comentou sobre pagamentos. Ela é a quarta maior companhia de cruzeiros do mundo.
Segundo o Guardian, um porta-voz da empresa disse que mais de 75% da tripulação foi repatriada até o final de maio e que, agora, já auxiliaram no retorno de cerca de 96% dos trabalhadores.
"Continuamos trabalhando duro em todos os níveis, diretamente e por meio de nosso agente em terra, em colaboração com o governo das ilhas Maurício no mais alto nível em nome de nossa tripulação. Esperamos repatriar toda a tripulação mauriciana restante que precisa voltar para casa de nossos navios na área do Brasil até meados deste mês", projetou.
Fonte: Época
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