O Ministério das Mulheres repudiou nesta segunda-feira (18) a atitude dos estudantes do curso de medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa), em São Paulo, que ficaram pelados e tocaram em seus órgãos genitais durante um jogo de vôlei que era disputado por mulheres. Por meio de uma postagem nas redes sociais, o ministério disse que “atitudes como a dos alunos de medicina da Unisa jamais podem ser normalizadas – elas devem ser combatidas com o rigor da lei”.
“Romper séculos de uma cultura misógina é uma tarefa constante que exige um olhar atento para todos os tipos de violências de gênero”, escreveu o ministério. “Em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério das Mulheres reforça seu compromisso de enfrentar essas práticas que limitam ou impossibilitam a participação das estudantes como cidadãs. Vamos seguir trabalhando para que as universidades sejam espaços seguros, livres de violência”.
Neste final de semana, vídeos e fotos de estudantes do curso de medicina correndo pelados e tocando em suas partes íntimas enquanto ocorria um jogo de vôlei feminino viralizaram nas redes sociais. Os vídeos mostram os alunos de calça abaixada enquanto o time de vôlei feminino da Unisa jogava contra estudantes do Centro Universitário São Camilo.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta segunda-feira (18) que o episódio é “repulsivo, indesejável e absurdo”, mas explicou que as forças de segurança nacionais só podem atuar se houver uma falha do sistema estadual. “Essa situação tem o nosso repúdio e a nossa rejeição. Mas a atuação funcional nesse caso só pode ocorrer se a polícia estadual eventualmente ficar inerte, pois se trata de um crime entre particulares. A atribuição funcional a princípio é da Polícia Civil do estado de São Paulo”, explicou Dino em entrevista coletiva.
Segundo o Centro Universitário São Camilo, o evento ocorreu entre os dias 28 de abril e 1º de maio deste ano, durante a Calomed (um evento universitário que reúne estudantes de medicina). Neste ano, o evento foi realizado em São Carlos, no interior paulista. Em nota, a instituição informou que as alunas do seu curso de Medicina participaram do evento e disputaram um jogo contra a equipe da Unisa.
“Os alunos daquela Universidade (Unisa), tendo saído vitoriosos, segundo relatos coletados, comemoraram correndo desnudos pela quadra. Não foi registrada, naquele momento, nenhuma denúncia por parte das nossas alunas referente à importunação sexual”, informou o São Camilo, por meio de nota.
“O Centro Universitário São Camilo - SP manifesta solidariedade e apoio às suas alunas e repudia quaisquer atos que possam atentar contra as mulheres e a dignidade humana. Acreditamos que o pudor e os bons costumes devem prevalecer, especialmente quando se trata de ambientes acadêmicos, onde a formação de novos e bons profissionais é o compromisso maior com a sociedade”, acrescentou.
Também por meio de nota, publicada em suas redes sociais, a Associação Atlética Acadêmica José Douglas Dallora (A.A.A.J.D.D), da Universidade Santo Amaro, disse que as imagens que circularam pela mídia “não são contemporâneas” e “não representam os princípios e valores pregados pela A.A.A.J.D.D.”. “Não toleramos ou compactuamos com qualquer ato de abuso ou discriminatório. Assim, atletas, torcedores, equipe técnica e todos os envolvidos em nossas competições e eventos são, por nós, incentivados sempre a terem comportamentos pautados em princípios éticos e sociais em que prevaleçam o respeito, a inclusão e igualdade”, escreveu a associação, em nota.
O Centro Acadêmico Rubens Monteiro de Arruda (Carma), da Faculdade de Medicina Santo Amaro, repudiou as atitudes demonstradas nos vídeos que estão circulando nas mídias. “Tais feitos são um retrocesso para a nossa universidade e, portanto, não representam a nossa querida casa", comentou.
A União Nacional dos Estudantes (UNE) também se manifestou sobre o episódio e repudiou a atitude dos estudantes da Unisa. “O desrespeito e a objetificação das mulheres são inaceitáveis em qualquer setor da universidade. A Unisa precisa se posicionar e os envolvidos devem ser responsabilizados criminalmente”, escreveu a UNE. “Precisamos combater a cultura machista que está presente dentro e fora das nossas universidades”, acrescentou.
A reportagem da Agência Brasil também procurou a Unisa, mas não obteve retorno.
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