A morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo em fevereiro, no Centro do Rio de Janeiro, foi um “aviso” da contravenção contra quem queira explorar o mercado de apostas esportivas online. A informação consta de denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio contra três homens envolvidos no crime, aceita pela Justiça.
“Ao que se apurou até aqui, a motivação da execução de Rodrigo Crespo não foi uma 'queima de arquivo', mas, sim, um 'aviso' bastante violento e ousado contra todo e qualquer um que, mesmo dentro da lei, queira analisar a viabilidade de explorar os jogos de azar. Não por acaso, Rodrigo foi morto próximo à OAB, quando tinha saído de seu escritório para um lanche, em plena luz do dia, na frente de diversas testemunhas”, afirma o MP.
Segundo a denúncia, ainda não há como cravar um mandante para o crime. O contraventor Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, foi alvo de uma operação de busca e apreensão no começo de abril por suposto envolvimento com o homicídio.
“Ainda que evidentemente falte a comprovação da pessoa ou pessoas que estejam no mando, na execução ou mesmo da efetiva atuação de outros potenciais partícipes, parece estar devidamente delineada a atuação de poderosa e violenta organização criminosa especializada na exploração de jogos de azar e revenda ilícita de cigarros, cujas origens estão no município de Duque de Caxias, porém os tentáculos sórdidos já se espalharam por todo o Rio de Janeiro, atuando de modo desenfreado, vindo finalmente a atingir, fatalmente, um advogado sem vínculos criminosos com nenhuma organização criminosa”, acrescentam os promotores.
Jogos de azar online usados para lavagem de dinheiro
Testemunhas relataram à Polícia Civil que Rodrigo Crespo se preparava para deixar o escritório de advocacia em que trabalhava para passar a atuar legalmente no mercado de sites de apostas online. O MP relata, inclusive, que ele desmarcou uma viagem para o exterior um dia antes de ser assassinado. Trata-se, segundo investigadores, de um mercado dominado pelo crime organizado.
“Há informações, ainda passíveis de serem confirmadas, que os criminosos/mafiosos exploradores de jogos de azar (chamados no Rio de Janeiro somente de 'contraventores') estariam se aprofundando no conhecimento para exploração lucrativa de jogos de aposta online em processo de legalização. Trata-se de atual 'febre' no Brasil, fácil inclusive de ser utilizado para lavagem de dinheiro de atividades criminosas. Rodrigo Crespo (vítima) não negava que pretendia ganhar dinheiro, e muito, com a legalização/regulamentação da exploração de jogos de aposta online, e buscava por financiadores para a sua ambiciosa empreitada”, diz trecho da denúncia do MP.
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