Eram cinco horas da manhã de terça-feira quando um acidente grave envolvendo três carros aconteceu no bairro da Mangueira, no Rio de Janeiro, deixando duas pessoas mortas, Alexia Freire, de 23 anos, e Gabriel Alves, de 29 anos, e outras feridas. A Polícia Civil prendeu o autor do crime, Raphael Macena da Silva, de 27 anos, que dirigia embriagado. Mas, antes de ser denunciado, Raphael tentou se eximir da culpa, contou que estava no banco do carona e que, na verdade, o motorista do veículo era seu colega, que morreu no acidente.
Ele foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), mas se recusou a fazer o exame de alcoolemia. Com exclusividade a este blog, o advogado de duas das vítimas, Leandro Souza, afirmou que testemunhas viram várias latas de cerveja dentro do carro de Raphael. "Ele tentou se safar e colocar a culpa no amigo morto, mas não teve jeito, porque ele foi visto conduzindo o carro. Informei ao delegado que ele mentiu em seu depoimento e que estaria cometendo o crime de fraude processual e falso testemunho, o que caberia prisão em flagrante delito".
Raphael foi preso e responderá judicialmente por embriaguez ao volante, fraude processual e homicídio culposo. "É um caso muito triste. Com ele no carro, havia outras três pessoas. Uma fugiu do local e as outras duas faleceram, uma delas era namorada de Raphael. Seu corpo foi arremessado pela janela durante o acidente", observa o Dr. Leandro.
A perna curta da mentira
Além das mortes, o que me chamou atenção nesse caso foi o fato de o rapaz ter mentido e afirmado não ser o autor da batida, sendo que testemunhas o viram dirigindo, inclusive, uma delas afirmou que bebeu com ele, horas antes.
Raphael não assumiu a responsabilidade de seu erro. E, assim como ele, muitas pessoas fazem o mesmo, em diferentes situações.
Culpar os outros pelas prórias irresponsabilidades pode parecer confortável, mas pensar assim é uma completa falácia porque, além de ser um ato extremamente covarde, esconde limitações e questões emocionais graves que precisam ser urgentemente resolvidas.
Existem várias teorias dentro da psicologia que buscam entender a culpabilidade, ou seja, o ato de colocar a culpa no outro. Uma delas explica que a pessoa não consegue reconhecer seu papel nos acontecimentos da vida porque isso implica num enfrentamento psíquico.
O ressentimento é um veneno e adoece as pessoas, conforme analisou o filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Por isso, em vez de ser agente da própria vida, isto é, agir para ser responsável e mudar um possível ciclo vicioso de erros, a pessoa fica em um estado de passividade.
Assumindo a responsabilidade
No caso de Raphael, ele foi obrigado a "reconhecer seu erro" para a polícia. Mas, e dentro de si? Será que ele conseguiu entender a importância de assumir as falhas? Porque se ele não entender a sua culpa e fizer algo para mudar, o encarceramento não adiantará nada e não fará nenhuma diferença para a mudança de seu comportamento.
Especialistas afirmam que quando uma pessoa assume espontaneamente a própria responsabilidade pelos erros consegue superar os acontecimentos e evitar que os mesmos voltem a acontecer no futuro.
Porque fugir das consequências que eles trazem, assim como negá-los ou ignorá-los, faz com que a pessoa perca a oportunidade de crescer e repita os mesmos padrões ao longo da vida.
Para mudar essa realidade é preciso entender que o que fazemos sempre trará consequências. Daí, a necessidade de pensar nelas, antes de agir.
Por isso, não acredito em destino, são nossas atitudes que escrevem nossa vida. O poder de escolha é sempre nosso, a culpa nunca é dos outros. E quanto mais rápido aprendermos isso, menos sofreremos.
Fonte: R7
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