Em um ano de pandemia, mais de 10 milhões de brasileiros tiveram covid-19 e muitos deles foram aos hospitais preocupados com sintomas relacionados à doença causada pelo novo coronavírus. Regra básica de economia: quando aumenta a demanda, o preço sobe.
A disparada nos valores do segmento aparece no IPM-H (Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais), criado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) em parceria com a empresa de tecnologia Bionexo.
A variação de dezembro de 2020 para janeiro de 2021 de todos os remédios que chegam nos hospitais foi de 1,32%, puxada principalmente pelo avanço de 12,33% no preço médio de compostos que atenuam sintomas do sistema musculesquelético, como analgésicos e anti-inflamatórios. Opções para aliviar problemas no aparelho digestivo e metabolismo subiram 9,90% e no sistema nervoso, 3,59%.
Dores no corpo e diarreia cabem nos dois primeiros itens e são sintomas tradicionais de covid-19. Ansiedade e depressão, motivadas pela pandemia, pela solidão e pelo medo de ficar doente, entram no terceiro grupo.
O coordenador de pesquisas da Fipe Bruno Oliva explica que, além do aumento na procura, outros fatores ajudam a explicar os valores. "A desvalorização do real deixou mais cara qualquer importação e ainda houve o problema da falta de insumos, vista em vários setores da indústria, inclusive no de medicamentos. Com pouca oferta, o preço sobe", explica.
Outro grupo que não teve elevação tão alta, mesmo com grande procura de pacientes infectados pelo coronavírus, é o de remédios para o aparelho respiratório. De qualquer forma, subiu 0,38% em janeiro e 7,16% em 12 meses.
Mesmo deixando de lado as remarcações dos medicamentos que tratam sintomas da covid-19 - é bom reforçar que não existe remédio com eficácia comprovada para a doença em si -, a variação de preços do setor, de 1,32%, está muito acima da do restante do mercado. Segundo o IBGE, a inflação de janeiro do país ficou em 0,25%.
Em um ano, de janeiro de 2020 ao primeiro mês de 2021, o preço dos medicamentos vendidos aos hospitais registraram aumento de 15,57%,
Durante a pandemia inteira, os remédios que mais subiram tiveram altas de mais de 50%. Os que atacam sintomas no aparelho digestivo e metabolismo tiveram exorbitantes 64,44% de aumento. No sistema nervoso, 51,37%.
Máscaras e luvas ficaram quatro vezes mais caras
De acordo com levantamento da Bionexo, as máscaras descartáveis e as luvas usadas pelos profissionais de saúde quadruplicaram de valor do início de 2020 ao começo deste ano.
O preço médio da unidade da máscara descartável passou de R$ 0,10 para R$ 0,50 (400%), enquanto as luvas foram de R$ 0,16 para R$ 0,86 (412,50%).
Outros itens como avental descartável (unidade) e álcóol em gel (800ml) também apresentaram altas. No caso do avental, passou de R$ 1,64 para R$ 3,67 (123,78%). O álcool em gel custava R$ 10,90 e foi para R$ 13,86 (27,16%).
Os dados vêm das negociações de mais de dois mil hospitais e outras instituições do país com cerca de 20 mil fornecedores de medicamentos e suprimentos hospitalares no Brasil, Argentina, Colômbia e México.
Fonte: R7
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