26/02/2021 12:18:11
Brasil
Tem alta uma das irmãs que precisou ser internada em hospital após comer peixe
A empresária Flávia Andrade, de 36 anos, comeu peixe arabaiana duas vezes. Apesar de ter saído do hospital na quarta-feira (24), ela continua fazendo tratamento em casa.
Reprodução Flávia Andrade está se recuperando em casa após ter tido Síndrome de Haff

 "É insuportável. Uma dor que não consigo descrever", disse a empresária Flávia Andrade, de 36 anos, que recebeu alta na quarta-feira (24) após ter sido diagnosticada com a Síndrome de Haff, conhecida popularmente como "doença da urina preta".

Tudo começou após a ingestão de arabaiana, um peixe de água salgada.

Os primeiros sintomas surgiram após um almoço no dia 12 de fevereiro, mas se agravaram depois que ela, o filho, a irmã, Pryscila, e duas funcionárias comeram arabaiana outra vez, seis dias após a primeira ingestão.

“No dia 12, depois do almoço, eu senti uma dor abdominal, torácica, mas achei que era o estômago. As duas babás do meu filho sentiram dores nas costas, mas achamos que era a coluna e passou”, contou Flávia.

No dia 18 de fevereiro, o cardápio se repetiu no almoço da casa de Flávia. Ela, o filho de 4 anos, as duas babás e a irmã consumiram o peixe e, mais uma vez, apresentaram sintomas. No caso da irmã, a veterinária Pryscila Andrade, de 31 anos, o problema foi ainda mais grave.

“As babás tiveram dor nas costas novamente e meu filho teve diarreia. Eu senti muito enjoo. Já minha irmã, quatro horas depois, disse que o corpo estava diferente, que estava sentindo uma coisa estranha e começou a se apavorar. A musculatura foi travando. Não é que ela tenha ficado paralisada, ela não conseguia se mexer de tanta dor”, contou a empresária.

A família, então, buscou atendimento para Pryscila em um hospital em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, para os primeiros socorros. “Chegando lá, a médica não deu importância ao caso, mesmo com minha irmã se queixando que não estava respirando. Por conta própria, fomos a outro hospital”, afirmou.

Flávia também chegou a ser socorrida ao ver a situação da irmã. “Quando cheguei ao segundo hospital, na emergência, e vi minha irmã daquele jeito, eu travei também. Acredito que tenha sido a sobrecarga hormonal. Fui atendida como se tivesse sido estresse”, disse a empresária.

Dias depois, ao voltar para visitar a irmã, a empresária descobriu que os sintomas eram de Síndrome de Haff. “Depois que eu conversei com o médico da minha irmã e ele relatou que tinha outro paciente com os mesmos sintomas depois de ter comido peixe, falei que também tínhamos comido e que todo mundo passou mal”, contou.

Apesar de receber orientação para também ser internada, Flávia preferiu voltar para casa e fazer exames no filho Flávio, de 4 anos, para saber se havia risco para ele. Depois de comprovar que a criança estava fora de risco, ela também foi internada e permaneceu, junto com a irmã, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Quando eu fiz o exame da enzima CPK [cujo aumento da produção é um fator associado à doença], o resultado esperado era 100. A minha taxa deu 91 mil. Eu não cheguei a ficar com a urina preta, mas minha irmã ficou. Fui tratada e tive alta, mas estou com hepatite [como consequência], fazendo o tratamento em casa. Ainda sinto um pouco de dor, mas consegui voltar”, disse Flávia.

Assim como a criança, as duas funcionárias que trabalham na casa da empresária não precisaram de internamento e passam bem, segundo Flávia. Já Pryscila permanece internada na UTI. “Ela teve uma leve melhora e estamos torcendo para que ela saia sem nenhuma sequela”, declarou.

Depois da experiência, a empresária espera que sejam feitos estudos para que a doença seja mais conhecida entre os profissionais de saúde para que, em caso de contaminação, o paciente receba o diagnóstico correto.

“Não é para que as pessoas deixem de comer peixe. Meu alerta é para que sejam feitos mais estudos para saber se isso está relacionado ao peixe em alguma época do ano", afirmou.

O que é a Síndrome de Haff?

A doença é causada pela ingestão de pescado contaminado por uma toxina capaz de causar necrose muscular, ou seja, a degradação dos músculos. Outros sintomas da doença são decorrentes desse quadro. A síndrome está associada ao consumo de peixes como arabaiana, conhecido como olho de boi, e badejo.

A forma como o animal é contaminado pela toxina que provoca a doença, no entanto, não é consenso entre especialistas. Alguns infectologistas dizem que a toxina é gerada pelo mau acondicionamento do pescado, mas outros afirmam que a toxina vem de algas consumidas pelo animal.

Fonte: G1

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