Um ano após a morte de Lázaro Barbosa, de 32 anos, a lembrança do matador ainda assombra as regiões rurais das cidades por onde ele passou no Centro-Oeste do país. “A gente não sabe quando outra pessoa completamente psicopata assim pode aparecer e simplesmente ameaçar e matar sua família. As vítimas mortas não eram familiares meus, mas eu moro aqui, as pessoas que eu amo estão aqui, eu tive medo por elas.
O trauma vai ficar para sempre”, desabafou um homem que preferiu não ser identificado, morador de Ceilândia, no Distrito Federal, onde Lázaro foi acusado de matar uma família inteira.
Suspeito de praticar ao menos oito assassinatos ao longo da vida, Lázaro passou a ser conhecido nacionalmente como "serial killer" após ser considerado responsável pela morte de um homem e os dois filhos dele, de 15 e 21 anos, em Ceilândia, no dia 9 de junho. A mulher da vítima e mãe dos rapazes foi encontrada morta três dias depois com sinais de estupro.
Após o ocorrido, foi registrada uma série de outros crimes como invasão de fazendas, ameaças, tiros em moradores, roubos, sequestros e mortes, tanto em regiões de Ceilândia quanto em cidades de Goiás, como Cocalzinho, Edilândia e, por fim, Águas Lindas de Goiás – onde Lázaro foi capturado e morto pela polícia no dia 28 de junho de 2021.
A sequência de crimes deixou um rastro de medo entre cidadãos que moram no entorno desses municípios, sensação que perdura até hoje. De acordo Fernando Fernandes, delegado de Ceilândia e deputado no Distrito Federal pelo Pros, além do medo, ainda há muitos rumores entre essas pessoas, principalmente as que moram nas áreas rurais, onde o "serial killer" conseguiu se esconder por tanto tempo. “É como se o fantasma do Lázaro ainda estivesse andando por aqui. Eles acreditam em um possível outro caso e buscam meios de se proteger”, disse em entrevista
Para encontrarem o suspeito, foragido por semanas, as polícias do Distrito Federal e de Goiás precisaram trabalhar juntas em uma força-tarefa, com o apoio, inclusive, da Força de Segurança Nacional. Tiveram ainda que lidar com a pressão de órgãos governamentais e da sociedade para que o acusado fosse detido rapidamente.
A comunicação entre as corporações e denúncias sobre o último paradeiro de Lázaro foram essenciais para localizá-lo. Porém, na época, a polícia também recebia ligações falsas de pessoas que diziam ter visto o suspeito, o que acabou atrapalhando as investigações.
Questionado sobre como aumentar a segurança entre os moradores, o delegado Fernando Fernandes disse que a polícia tem trabalhado nisso. “Desde o caso Lázaro houve um reforço no patrulhamento rural. Além disso, o Disk-Denúncia é essencial nesses casos. Quando o morador vir alguma pessoa suspeita andando pela região, é necessário que comunique a polícia imediatamente para que ela possa trabalhar antes que tragédias, como as feitas por Lázaro, ocorram”, afirmou.
Caso está em segredo de Justiça e ainda é investigado
Mesmo com a morte de Lázaro Barbosa, o caso ainda é investigado pela polícia e segue em segredo de Justiça. Segundo o delegado, o processo está em segredo para “não gerar mais especulações e não prejudicar as investigações com possíveis mandantes dos crimes e até participantes”.
O "serial killer" teve ajuda do fazendeiro Elmi Caetano, de 74 anos, e de um caseiro enquanto se escondia na região de Cocalzinho (GO). Os dois chegaram a ser presos e o caseiro afirmou que Lázaro até dormiu na fazenda. Segundo o boletim de ocorrência, o dono do local proibiu que os policiais entrassem na casa.
Em declaração à polícia, o funcionário do dono da fazenda admitiu que o patrão chamava Lázaro para almoçar e costumava deixar a porta aberta para ele entrar. Agora, as investigações também trabalham com possiblidades que não podem ser reveladas. Em março deste ano, Elmi sofreu um infarto na fazenda onde morava e morreu em um hospital de Brasília, segundo o advogado dele.
Captura e morte de Lázaro
Lázaro Barbosa foi morto com dezenas de disparos após ficar 20 dias foragido. Ele foi encontrado em uma área de mata em Águas Lindas de Goiás. As buscas mobilizaram centenas de policiais do Distrito Federal e de Goiás, helicópteros e mateiros que conheciam a região. Pistas como manchas de sangue e imagens de uma câmera de segurança apontaram o possível local do esconderijo do acusado. Ele foi baleado durante intenso tiroteio com a polícia.
Segundo o relato dos policiais militares, eles foram alvo de diversos disparos e não tiveram escolha a não ser o revide.
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