Futebol é um jogo que envolve superstições. Basta ver a entrada de um time brasileiro em campo, com os jogadores pisando com pé direito, dando três pulinho, tocando a linha ou erguendo as mãos para os céus. As mandingas são inúmeras. Muitos deles se apegam aos números de suas camisas para garantir uma dose extra de sucesso. Recentemente o atacante Dudu, do Palmeiras, encontrou um expediente curioso para vestir a 7 sem usar o algarismo. Como essa cifra no Verdão atualmente está em posse de Rony, ele escolheu a 43 – mas acrescentou um discreto sinal de mais entre os números, para que a soma fosse o seu sete da sorte.
E já que o assunto são números, estamos em um ano que é três vezes sete – 21. E muitos jogadores - e não jogadores também - se apegam à mística dele. Ela já é antiga, e está muito associada com os jogos de cassino. Numa partida de blackjack, 21 é o número de uma mão ideal. Quem joga online se diverte ainda mais quando suas cartas resultam nessa soma. Melhor ainda se forem só duas.
Mas será que jogadores com a camisa 21 terão mais sorte neste ano do que seus concorrentes? A essa altura, já é possível fazer um diagnóstico e descobrir se, afinal, o 21 dá sorte.
Começamos por goleiros. Weverton, do Palmeiras, abriu mão da 1, e até mesmo da 12, cedida pelo ídolo Marcos, e ficou com sua 21 de estimação. Parece que funcionou, pois com ela ganhou a Copa Libertadores da América e a Copa do Brasil – edições de 2020, mas com finais disputadas no início deste ano.
Outro goleiro que usa esse número é Donnarumma, da seleção italiana. Novamente, ponto para a mística, já que ele foi o grande herói da conquista continental da Azzurra, defendendo três pênaltis nos jogos decisivos – e sagrando-se o melhor jogador da competição.
Parece que na Itália, e mais especificamente em Turim, essa camisa dá mesmo sorte. Nos últimos tempos ela foi vestida por ninguém menos que Zinedine Zidane e Andrea Pirlo, dois monstros do futebol - e dois campeões mundiais. Hoje, a mesma 21 bianchanera está nas mãos de Paulo Dybala, uma promessa argentina para a próxima Copa, no Qatar.
Mudando de península europeia, temos a Espanha e o sempre favorito Real Madrid que, contudo, fracassou na última temporada e viu seu arquirrival Atlético levantar o caneco. O time merengue tem um camisa 21 brasileiro – o jovem atacante Rodrygo que, infelizmente, não tem ido muito bem. Seu colega de equipe, Vinicius Jr, tem conseguido mais sucesso, e até chegou à seleção brasileira. Frankie de Jong, dono do número místico no Barcelona e na seleção holandesa também penou: contundiu-se antes da fase final da Eurocopa e viu os laranjas se despedirem nas oitavas.
Cruzando o Atlântico e voltando ao Brasil, como estão os 21 dos principais times do Brasileirão? No São Paulo, Gabriel Sara vive altos e baixos, sem conseguir se tornar uma certeza na escalação; no Corinthians, Angelo Araos anda esquentando o banco; e, no Flamengo, o atacante Pedro vem sofrendo com contusões, com a reserva e também com a frustração de não ter ido a Tóquio ganhar uma medalha de ouro. Olhando para esses três, o 21 não está ajudando muito.
Se Pedro não anda bem, seu colega de clube Gabriel Barbosa vive uma grande fase. Isso no Flamengo, onde joga com a nove. Na seleção ele usa a 21, e disputou a Copa América com esse número. E aí já não foi tão bem – marcou apenas um gol, ficou fora nos jogos decisivos e viu a Argentina fazer um mini-maracanazo. Culpa da camisa que vestia, ou do senhor Adenor?
Entre altos e baixos, parece que o 21 não é um fator decisivo no sucesso dos atletas, nem mesmo nesse ano homônimo. É melhor eles continuarem com o plano A – treinar, treinar e treinar.
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