Projeções feitas pelos bancos brasileiros apontam para uma melhora do crédito no país em 2023. Em fevereiro, a Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas, realizada a cada 45 dias, constatou uma estimativa de avanço de 8,3% desse mercado, feita pelas principais instituições financeiras do Brasil. Em dezembro, o levantamento havia identificado uma previsão de de alta ligeiramente inferior: de 8,2%.
Os bancos públicos devem exercer um papel importante nesse avanço. Isso por que o crédito direcionado, que inclui financiamentos imobiliários ou programas lançados pelo governo para empresas de pequeno e médio portes, teve grande peso nessa expectativa de crescimento. Nesse caso, ela passou para uma alta de 8,4% em fevereiro, ante 7,7% rodada na anterior da pesquisa, em dezembro.
A previsão de avanço no crédito direcionado alcança tanto pessoas físicas como jurídicas. No primeiro caso, a projeção de alta passou de 8,6% para 9,2% No segundo, subiu de 5,8% para 7,1%. “Uma explicação possível (para o aumento) é a possibilidade de termos uma maior atuação dos bancos públicos do novo governo no mercado de crédito”, afirmou, em nota, Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
Por outro lado, acrescentou Sardenberg, houve queda na projeção de crescimento para o crédito livre, embora as estimativas ainda sejam positivas para 2023. Elas passaram de alta de 8,6% para avanço de 8,2% em 2023. A revisão teve maior impacto na carteira para pessoas físicas, cuja estimativa recuou de 10,1% para 8,7%. “Há uma expectativa de desaceleração econômica devido à inflação elevada, juros altos e um cenário externo mais desfavorável, ainda com muitas incertezas”, justificou o técnico.
Inadimplência e Selic
Para 2023, um destaque positivo da pesquisa foi a melhora da expectativa para a taxa de inadimplência da carteira livre de crédito, cuja projeção caiu de 4,7% para 4,4%.
O levantamento, por outro lado, captou certo pessimismo em relação à política monetária, com novo adiamento das expectativas quanto ao início da flexibilização dos juros básicos do país. Agora, apenas 38,9% dos analistas dos bancos acreditam em queda da Selic no terceiro trimestre (ante 75% em dezembro) deste ano. Outros 55,5% esperam que isso ocorra a partir do quarto trimestre.
A mediana das expectativas projeta agora que a taxa Selic ficará estável em 13,75% ao ano ao menos até setembro. Na edição de novembro de 2022 da pesquisa, os analistas consultados projetavam queda em junho.
Câmbio e PIB
Para o câmbio, a expectativa dos bancos é de que ele se mantenha próximo de U$ 5,30 até o fim do 3º trimestre de 2023. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a maioria dos participantes (55,6%) avalia que a atividade econômica deve crescer entre 0,5% e 1,0% em 2023. Os demais estão igualmente divididos (22,2%) entre um desempenho inferior ou superior ao do consenso.
A pesquisa da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) foi feita com 19 entre as maiores instituições financeiras do país. A última rodada do levantamento ocorreu entre 8 e 14 de fevereiro. Os dados foram divulgados na sexta-feira (24/2).
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