Diante da situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul, estado afetado por fortes chuvas e enchentes nos últimos dias, o Governo Federal publicou, na última sexta-feira (10), no Diário Oficial da União, uma Medida Provisória que autoriza a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a importar até um milhão de toneladas de arroz de países do Mercosul para recompor os estoques públicos do produto. De acordo com o Ministério da Agricultura e da Agropecuária, a ação tem como objetivo evitar a alta do preço do alimento no país.
A medida foi tomada após o aumento da procura pelos consumidores preocupados em estocar arroz, em caso de uma eventual falta nos mercados. O estado gaúcho é responsável por 70% da produção nacional de arroz.
Diante da especulação, os produtores de arroz e supermercados se posicionaram informando que não há risco de desabastecimento do grão no Brasil. A garantia é da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Ainda segundo a Federarroz, a colheita no RS abrange, até o momento, 83% do total da área prevista para a safra. A entidade acrescenta que o produto colhido apresenta “boa qualidade e produtividade, o que garante o abastecimento dos brasileiros”.
Já a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta estar normalizado o abastecimento no varejo, “com diversas marcas, preços e promoções para atender à demanda de consumo tanto nas lojas físicas quanto pelo e-commerce”. Porém, a entidade recomenda que os consumidores não façam estoques em casa para que todos tenham acesso ao produto. A Abras também manifestou apoio à abertura da importação anunciada pelo governo federal para completar o abastecimento da população brasileira
De acordo com o chefe de Informação de Mercado Agrícola do Ceasa/PE, Marcos Barros, a situação não afeta o estoque do produto no Ceasa em Pernambuco. "Apenas a comercialização vai sentir um pouco por conta da logística que está comprometida, sobretudo lá no Rio Grande do Sul, porém também há outros grandes produtores além do Estado. Ele corresponde a 70% da produção, mas cerca de 90% disso já tinha sido colhido". Ainda de acordo com Marcos, Além do Rio Grande do Sul, Pernambuco também recebe arroz produzido em Santa Catarina, Tocantins, Sergipe e no Maranhão.
"Com a destruição das áreas de plantio do arroz, que representam 70% da produção nacional e de outros produtos que fazem parte da mesa do consumidor, como Batata, cebola e tomate, que representam cerca de 7% de toda produção nacional, o governo federal se antecipou e abriu o mercado interno para a importação desses produtos que refletem diretamente na mesa do consumidor. O impacto disso é o aumento de até 0,6% na taxa de inflação, e uma redução de até 0,25% do PIB nacional no ano de 2024", analisa o economista David Batista,
Já o economista André Magalhães, indica que a importação do produto deve ser realizada na medida certa pelo Governo Federal para não correr o risco de prejudicar o produtor, vendendo o produto mais barato. "A importação vai e deve ajudar a conter esse impacto sobre a cesta básica, sobre o produto de forma geral. Se o Governo acertar na mão, conseguir com a ajuda do mercado importar, pode até nem ter um efeito maior para o produtor. Ainda de acordo com ele "A ideia de importar é lógica e natural para evitar o impacto da inflação no bolso do consumidor".
A expectativa é de que, nesta primeira etapa da importação no Brasil, sejam compradas 200 mil toneladas de arroz, que devem ser importados dos países vizinhos do Mercosul, como Argentina, Uruguai e Paraguai, e eventualmente da Bolívia.
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