A Eletrobras divulgou na noite desta sexta-feira (19) balanço financeiro que aponta para um lucro de R$6,387 bilhões em 2020, ano marcado pelo início da pandemia de covid-19. O resultado é 42,6% inferior aos R$11,133 bilhões registrados em 2019. O relatório, porém, observa que o lucro líquido de 2019 foi composto por R$ 3,285 bilhões referente a operações que foram descontinuadas, sobretudo a partir da privatização das subsidiárias distribuidoras de energia elétrica Amazonas Energia e Ceal.
O balanço traz os resultados financeiros do quarto trimestre de 2020, o que consolida os números finais referentes ao ano passado. Entre outubro e novembro, o lucro líquido foi de R$1,269 bilhão. Trata-se de uma queda de 44,1% na comparação com o mesmo período de 2019.
É o primeiro relatório divulgado após Wilson Ferreira Júnior renunciar ao cargo de presidente da estatal. Ele apresentou o pedido de demissão no fim de janeiro alegando motivos pessoais e deixou suas funções na última terça-feira (16). Ainda não foi definido o substituto e, por enquanto, a presidência está sendo exercida de forma interina pela diretora financeira e de relações com investidores, Elvira Cavalcanti Presta.
O relatório também registra o valor de R$ 14 bilhões de Ebitda, que é o lucro operacional excluindo-se os juros, impostos, depreciação e amortização. A estatal avalia que o desempenho demonstra a robustez e a liquidez da companhia mesmo em um ano marcado pela pandemia de covid-19.
"O resultado foi influenciado por fatores como a Revisão Tarifária Periódica para transmissão, que representa um acréscimo de R$ 3 bilhões ao ano, compensado, parcialmente, por provisões operacionais, com destaque para contingências de R$ 4,2 bilhões", diz a Eletrobras em nota.
Outro fator de destaque apontado pela empresa é queda de 15,6% nos custos de pessoal, material e serviço. Na comparação com 2019, essas despesas tiveram redução de R$1,3 bilhão em 2020. Somente os gastos com pessoal tiveram redução de R$ 394 milhões, em decorrência do desligamento de mais de 550 funcionários nos últimos dois anos.
Com estes resultados, a estatal sugere o pagamento adicional de R$ 1,5 bilhão de dividendos aos acionistas, o que precisará ser aprovado na próxima assembleia geral ordinária marcada para 27 de abril. A proposta estipula o valor de R$ 1,04 por ação preferencial e R$ 0,94 por ação ordinária. No mês passado, R$ 2,3 bilhões já haviam sido distribuídos aos acionistas.
Privatização
A Eletrobras é uma sociedade de economia mista e de capital aberto sob controle acionário da União. Foi criada em 1962 para coordenar todas as empresas do setor elétrico. Uma reestruturação realizada na década de 1990 reduziu suas responsabilidades. Hoje, ela controla parte significativa dos sistemas de geração e transmissão de energia, estando presente em todas as regiões do país através de suas subsidiárias: Amazonas GT, Eletrosul, Chesf, Eletronorte, Eletronuclear, Furnas, Cepel e Eletrobras Participações. Além de principal acionista dessas empresas, a estatal detém metade do capital de Itaipu Binacional.
O balanço divulgado aponta que, no ano passado, foram gerados 195.183 GWh, o que representa 33% da energia gerada no país em 2020 e um acréscimo de 5,5% em relação ao ano de 2019. "Na transmissão de energia, a Eletrobras vem apresentando melhoria de desempenho desde 2016, reduzindo em 13,6% as perturbações com corte de carga. A companhia é responsável por 43,5% do total de linhas de transmissão do país e há quatro anos não registra desligamentos de grande porte", acrescenta a nota da Eletrobras.
Embora a estatal venha registrando lucros líquidos anuais desde 2018, o governo federal optou por anunciar no início da semana a inclusão da Eletrobras no Programa Nacional de Desestatização . O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ficará encarregado de realizar estudos técnicos que indiquem possibilidades para a privatização, os quais deverão ser concluídos até julho. Incluindo as demais fases do processo, a conclusão da privatização é estimada para até fevereiro de 2022.
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