Os alimentos, que pesaram muito no bolso do brasileiro em 2020, terão mais aliados para apertar o orçamento das famílias no ano que vem.
O grupo de itens com preços administrados ou monitorados – chamados assim por não seguirem as leis do mercado (oferta e procura) e serem controlados pelo poder público – deverão voltar com tudo em 2021.
Com a pandemia do novo coronavírus, essa classe, que inclui despesas como energia elétrica, água, plano de saúde física, transporte público, combustível e gás, não sofreu reajuste em 2020 e deve ter os preços elevados no ano que vem.
Essa classe não sofreu reajustes numa tentativa do governo de minimizar os efeitos da crise na vida do brasileiro.
O economista André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE, diz que por comprometer aproximadamente 30% do orçamento familiar “podemos dizer que haverá um empate desse grupo com os alimentos para pressionar a inflação e pesar no bolso do consumidor”.
Braz pontua alguns aspectos que devem influenciar nesse cenário:
• Não deve haver queda forte no preço da gasolina como aconteceu em 2020 decorrente do conflito comercial entre Arábia Saudita e Rússia. Essa crise resultou na queda de preço do barril do petróleo e, consequentemente, do combustível. Além disso, a pandemia veio na sequência e o consumo de combustível caiu, refletindo ainda mais na desvalorização. Com a flexibilização, mais pessoas estão nas ruas e o transporte público também votou a ser utilizado;
• 2020 teve eleições municipais e, normalmente, é um ano no qual não há revisão da tarifa de transporte público – ônibus, trem e metrô. No ano que vem, certamente haverá correção;
• As contas de água e de luz também devem sofrer reajustes no ano que vem. A energia elétrica já começou a pesar no orçamento nesse mês. Desde a terça-feira (1º) está valendo a bandeira vermelha, que irá deixar as contas com um valor mais alto; e
• A Petrobras anunciou que aumentará em 5% o valor médio do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), o popular gás de cozinha, a partir desta quinta-feira (3). O reajuste fará com que o preço médio do botijão de 13 quilos seja de R$ 33,89 nas refinarias, que vendem o produto às distribuidoras. A alta no acumulado de 2020 foi de 21,9%.
O economista afirma que grupos como bens duráveis – compostos eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis e automóveis – e semiduráveis – roupas e calçados – também devem pressionar a inflação.
“A previsão é de que os produtos administrados tenham alta de 5% no ano que vem. Vale lembrar que a meta da inflação para 2021 é de 3,75%.”
André Braz
Reajuste nos planos de saúde deve ser significativo
Juliana Inhasz, professora de economia do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), concorda com Braz e diz que qualquer aumento de preço nas despesas essenciais das famílias terá um peso significativo no orçamento.
“Muita gente perdeu o emprego ou teve redução de salário em 2020. O orçamento que já está apertado, deve ficar ainda mais no ano que vem.”
Juliana Inhasz
Além de todas as despesas já citadas por Braz, Juliana acredita que as mensalidades dos planos de saúde devem subir consideravelmente em 2021.
“As operadoras vão justificar que tiveram custos maiores este ano por causa da pandemia, mas não podemos esquecer que muitas pessoas deixaram de fazer exames e acompanhamentos de rotina. Isso deve ser considerado também.”
Fonte: R7
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