A disparada recente que levou a inflação ao patamar de dois dígitos foi sentida no bolso de 95% dos consumidores brasileiros nos últimos seis meses, de acordo com pesquisa divulgada nesta quarta-feira (20) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Em novembro, a avaliação de que os preços haviam subido era partilhada por 73% das famílias.
Segundo o levantamento, os preços “aumentaram muito” para 87% dos brasileiros e “um pouco” para 8%. Por outro lado, entre os que não sentiram a inflação, 4% notaram uma manutenção dos preços e outros 1% dizem que os valores diminuíram um pouco ao longo dos últimos meses.
Na análise segmentada, a percepção de que os preços estão mais altos é igual entre homens e mulheres. No entanto, os consumidores com renda de até um salário mínimo e meio (90%) e os moradores da região Nordeste (93%) são aqueles que mais sentiram a alta significativa da inflação.
A pesquisa revela ainda que três em cada quatro brasileiros (76%) tiveram a situação financeira prejudicada pelo encarecimento dos bens e serviços. Além disso, 66% dos entrevistados avaliam que a inflação vai crescer nos próximos seis meses. O valor é 12 pontos percentuais maior do que o apresentado em novembro.
A pesquisa mostra ainda que os consumidores pesquisados aumentaram seus gastos com:
Conta de luz - 59%
Gás de cozinha - 56%
Arroz e feijão - 52%
Água e luz - 51%
Combustível - 50%
Frutas e verduras - 49%
Carne vermelha - 48%
Somente em março, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) saltou 1,62%, a maior alta para o mês desde 1994, de acordo com análise do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No acumulado dos últimos 12 meses, a alta apurada é de 11,3%.
Corte de gastos
O estudo mostra ainda que 64% da população afirma ter reduzido gastos nos últimos seis meses. Os cortes foram classificados com "grandes" ou "muito grandes" por 49% dos consumidores que utilizaram do recurso para aliviar o orçamento.
Segundo a pesquisa, as famílias privilegiaram gastos crescentes e inevitáveis, como conta de luz, gás de cozinha, cesta básica e remédios. Assim, 34% dizem ter deixado de comprar material de construção e 29% cancelaram TV por assinatura.
Outros 12% alegam a necessidade de cortar a conta de celular, 24% deixaram de fazer refeições fora de casa, 23% abriram mão da compra de eletrodomésticos, 15% deixaram de consumir combustível e 16% reduziram os gastos com abastecimento.
A compra de roupas e sapatos foi adiada por 14% dos entrevistados, enquanto 31% reduziram o consumo de carne vermelha. Há ainda 19% dos respondentes que reduziram frutas e verduras na alimentação.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, atribuiu a alta generalizada dos preços à guerra na Ucrânia, que trouxe mais incertezas para a economia global, impulsionou a inflação e despertou o temor de retrocesso da economia em todo o mundo.
“Diante dessa conjuntura tão difícil quanto indesejada, o Brasil precisa adotar as medidas corretas para incentivar o crescimento econômico, a geração de empregos e o aumento da renda da população”, defende Andrade.
A pesquisa Comportamento e economia no pós-pandemia, encomendada pela CNI ao Instituto FSB Pesquisa, entrevistou 2.015 pessoas, entre 1º e 5 de abril. A margem de erro do estudo é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Fonte: R7
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