O avanço do coronavírus fez com que as redes educacionais de todo o mundo se adaptassem a uma nova realidade, onde teriam que desenvolver suas atividades à distância. Um dos grandes desafios desta nova realidade seria justamente a Educação Especial, onde o estudante com deficiência demanda um Atendimento Educacional Especializado (AEE) com profissionais capacitados na área. Após três meses de isolamento social, os centros de AEE da rede estadual e as escolas com salas de recursos – ambientes onde estudantes com deficiência são atendidos com recursos didáticos que facilitam sua aprendizagem – contam como está sendo essa experiência. E as famílias dos estudantes são parceiras neste processo.
Cyro Accioly - No centro especializado no atendimento a pessoas cegas, total ou parcialmente, as atividades acontecem de segunda a sexta-feira: Artes, AEE, Enem e Encceja.
“Inicialmente, ficamos preocupados pelo diferencial da nossa clientela, pois são crianças e adolescentes e o nosso AEE é com muita prática. Decidimos passar os conteúdos das aulas para as mães por meio de um grupo de Whatsapp e estas passarem para seus filhos e deu certo. Os professores de informática também trabalham por meio de áudios e, para os alunos que farão os exames do Encceja e do Enem, são realizadas videochamadas em grupos e os estudantes dão o retorno”, informa a diretora Jedalva Santos.
Jedalva conta ainda que foi criada uma rádio onde o professor de Artes passa letras e vídeos, e os alunos leem, cantam e criam as músicas. “Também estamos postando algumas coisas em nosso Instagram e iniciamos um canal no Youtube, para a transmissão das aulas”, complementa Jedalva.
Wandette de Castro - No Centro de Educação Especial de Alagoas Professora Wandette Gomes de Castro, que atende pessoas com deficiências em TEA, deficiência intelectual, altas habilidades e superdotação, a gestora Solange Barbosa explica que a estrutura foi organizada da seguinte forma: atividades acadêmicas, artes, brinquedoteca, cozinha experimental, Educação física adaptada e música. Lá também o apoio da família tem sido fundamental.
“Iniciamos o atendimento em abril com os alunos/familiares. Em paralelo, estamos com orientação para as famílias que estão com dificuldade em retomar a rotina diária, e, para os alunos que não tem whats app, estamos mantendo o elo - centro x aluno/família x professor – por meio de ligações telefônicas semanais. E temos um Facebook com aulas planejadas e retorno das aulas pelos familiares”, explica Solange.
CAS - A prática não é diferente no Centro de Atendimento à Pessoa com Surdez Joelina Cerqueira (CAS), como relata a gestora Flávia Barboza.
“Estamos mantendo todas as aulas em plataforma virtual. Os professores fizeram contato com os alunos ouvintes, dos cursos de libras, pelos grupos de whatsapp e quem acessou o link está dando continuidade, com aulas em vídeo, seguindo todo o cronograma da apostila. E com os alunos surdos, os professores estão desenvolvendo oficinas, com uma pequena modificação no projeto, porque tínhamos que colocar o tema pandemia, os sinais de Covid. Eles também estão recebendo as oficinas e atendimentos por meios das nossas redes sociais. Até oficinas de artesanato para as mães estamos fazendo”, enumera Flávia.
Salas de recurso – Além de os Centros, as escolas que possuem salas de recursos para seus alunos com deficiência também se adaptaram ao novo momento.
É o caso da Escola Estadual Maria das Graças de Sá Teixeira, de Maceió, que conta com dez alunos com deficiência sendo atendidos em um laboratório especial da sala de recursos. “Percebemos que estes estudantes estavam tendo dificuldades em acompanhar as atividades remotas nas turmas onde estão matriculados e, por isso, criamos um espaço virtual só para eles e tem dado muito certo. Além dessas atividades remotas, também entregamos material impresso aos pais, que tem sido muito parceiros e participando ativamente da aprendizagem dos filhos”, conta a diretora-geral Patrícia Tavares.
Waleska Dacal, professora facilitadora da Sala de Recursos, explica como está sendo o seu trabalho. Ela conta que, inicialmente, os alunos estavam inseridos apenas nos grupos de WhatsApp de suas turmas regulares e, que, no seu caso, acompanhava a turma do 7º ano, onde estava a maioria dos seus alunos. Até que um dia a professora de Matemática, Deize Rafaela, sugeriu a criação do espaço virtual específico para os estudantes atendidos pela sala de recursos, proposta que foi de imediata abraçada pela direção da escola.
“Tem sido um trabalho maravilhoso, repleto de vídeos, textos diversos, jogos, rodas virtuais de conversa, atividades reflexivas que tem nos proporcionado depoimentos riquíssimos por parte dos alunos. E todas as sextas-feiras, a professora Deize entra no grupo para desenvolver o Clube de Leitura. Além desse trabalho, elaboramos para os alunos com comprometimentos mais sérios algumas apostilas com atividades de matemática, português, coordenação motora fina, como pintura, recorte e colagem, mantendo contato direto com as famílias por meio de telefonemas semanais”, explica Waleska, que conta ainda com o apoio do auxiliar de sala Marcos.
Abigail Galdino, mãe da estudante Luana, aprova a iniciativa. “Tenho acompanhado as atividades e as tarefas são bem explicadas e facilitam a aprendizagem da minha filha”, comenta.
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