Marcos Mion sempre procura fazer uma agenda mental para poder dar uma atenção equivalente de seu tempo livre para cada um dos filhos que tem com Suzana Gullo. O apresentador, que por conta de Romeo, diagnosticado com transtorno do espectro autista, se tornou um ativista do tema, explica que é uma desafio diário dar conta de estar por dentro não só das questões do primogênito, de 14 anos, como das que envolvem Donatella, de 12 anos, e Stefano, de 11 anos.
“É uma arte diária. Tem que ter uma divisória mental na sua cabeça e saber que você tem que dar atenção para todo mundo. O problema é quando os irmãos deixam de te acionar porque acham que você está ocupado com o Romeo. Isso não pode acontecer. Quando o Romeo está com a gente é um grude 24 horas. Agora na adolescência, ele fala para caramba, está conversador, quer entrar nas conversas e demanda muita atenção. Os irmãos cresceram e amadureceram muito. Hoje em dia, esse momento da conversa entre todo mundo é saudável. Mas de fato, não foi sempre assim. Por isso que é necessário ter essa divisória mental do tempo com cada filho. Mesmo que seja uma hora do seu dia, separa 20 minutos para cada um”, diz.
VIAGENS SEPARADAS
A preocupação se estende para as férias. Mion tenta fazer viagens diferentes com os filhos. Romeo necessita uma rotina e por isso, Mion e Suzana têm que ter organizado cada passo da viagem com destino para Orlando, nos Estados Unidos. Já Donatella e Stefano estão na fase de querer descobrir o mundo.
“Em relação às viagens, é muito necessário fazer viagens separadas. Faço isso até hoje. No nosso caso, temos a condição de fazer isso. Então, fazemos uma viagem só com o Romeo, que fica numa alegria muito grande. Mas é uma viagem difícil, tem que ter a estrutura de uma casa, uma agenda organizada do que vamos fazer, de onde e o que vamos comer... Não é uma viagem para quem quer conhecer o mundo. Ele vai para os mesmos lugares”, explica.
“Com os outros dois, podemos viajar para conhecer o mundo. Podemos dormir um dia em um lugar, depois em outro... Isso não funciona para o Romeo. Ele não aguenta fazer uma viagem assim, fica completamente desorganizado, entra em crise e em um espiral de pânico. Os outros dois também não querem ir só para Orlando vendo os mesmos shows e personagens. Então é muito saudável dentro da sua capacidade e orçamento dar uma atenção especial para cada filho.”
Quando explicou em sua rede social que estava viajando sem o primogênito, Mion recebeu algumas críticas. Mas o apresentador diz que o saldo positivo de dividir sua experiência foi maior por ter feito com que os pais pensassem mais na importância de pensar nos filhos como indivíduos com seus próprios gostos e perfis.
“Quando postei sobre isso, ‘grandes especialistas da internet’, as pessoas que ‘entendem de todos os assuntos’, mas que nunca viram um autista na vida, resolveram opinar e criticar. Mas foi uma parcela muito pequena. O que mais importa é que o exemplo serviu não só para pais de autistas. Mostrou a importância de atenção separada para cada um dos filhos. Se não tem condições de viajar, faça programas separados com cada um. Um dia você pode levar um ao parque e passar horas lá com ele ou ir até a padaria só com um deles. E troque ideias com ele, faça com que ele se sinta especial. Se ele não tiver nada para falar, apenas fique ali por perto, mostrando que está ali para ele. Essa uma horinha pode fazer muita diferença na relação entre pai e filho.”
TEMPO A DOIS
Já viajar só com Suzana para ter um momento do casal foi algo que demorou para acontecer após o nascimento de Romeo e até hoje ainda é raro. Estar com os filhos é uma prioridade dos dois.
“É muito difícil e raro. Até hoje ainda é. A parentalidade exigiu demais de nós como casal desde o momento um. O casal rapidamente deu lugar à família ao cuidar, prover e se dedicar ao filho que chegou logo de cara, como nós dois queríamos. A primeira viagem que fizemos como casal, sozinhos, foi quando o Romeo já tinha 6 anos de idade, quase 7. Isso já diz tudo, tanto sobre nosso comprometimento com a família que decidimos montar, quanto um com o outro. Não é à toa que o índice de divórcio em famílias especiais é alto. As prioridades e sonhos mudam drasticamente num piscar de olhos. Mas a gente como dupla para criar crianças funciona demais. Um respeita e confia muito no outro.”
UNIDOS PELA ARTE
Se tem algo que agrada os três filhos por igual é a paixão pela arte. Mion afirma que o trio herdou seu talento artístico.
“A arte e a característica de ser uma pessoa criativa, espontânea, com personalidade já é inerente aos três! Até o hiperfoco do Romeo, um aspecto muito comum do autismo, é música, show, palco, musical, o que para mim não poderia ser melhor! Os três querem ser artistas, mas cada um tem suas próprias características. Agora, o que de fato não só me puxou, como vai me superar tranquilamente, é o Tefo”, conta.
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