As diferenças abissais entre os resultados reais da eleição deste ano e aqueles projetados pelos maiores institutos de pesquisas eleitorais se tornaram um dos assuntos mais discutidos no país à medida que a apuração era totalizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em muitos casos, empresas com tradição no mercado, como Datafolha e Ipec, erraram por mais de 10 pontos, levando principalmente os políticos e militantes do campo conservador a questionar as metodologias usadas.
A distorção começa pelo cargo mais importante, o de presidente da República. Datafolha e Ipec apontavam diferença de 14 pontos percentuais entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). O atual presidente, no entanto, terminou bem acima do esperado, com 43,3% dos votos computados, enquanto os dois institutos o projetavam com 37% e 36%, respectivamente.
“O TSE só registra as pesquisas, não tem nenhum envolvimento. Se houve discrepância entre as pesquisas e os resultados são os institutos de pesquisa, não o TSE. Com relação às investigações, o Ministério Público Eleitoral vai apurar o que for questionado”, disse Moraes, quando questionado sobre as discrepância nos levantamentos.
Votação para o Governo do DF
No Distrito Federal, pesquisa Globo/Ipec sobre os votos válidos para o governo, divulgada na véspera da eleição, mostrou Ibaneis Rocha (MDB), atual governador, à frente, com 46%. Na sequência, Leandro Grass (PV), com 20% dos votos válidos, e Izalci Lucas (PSDB) reunia 16% dos votos. O tucano, porém, teve 4,26%, ficando na sexta colocação. Ibaneis venceu com 50,3% e Grass veio em seguida, com 26,25%.
Outra surpresa foi o total de votos que o Coronel Moreno (PTB) teve nestas eleições. Ele reuniu 5,68% dos votos, mais do que Leila do Vôlei (PDT), que obteve 4,81% dos votos.
Coronel Moreno, que na última pesquisa Ipec estava na sexta colocação, atrás de Leila, terminou as eleições na quarta posição do ranking.
Eleições para o governo de São Paulo
Em São Paulo, a eleição para o governo vai para o segundo turno, conforme previam as principais pesquisas. A ordem dos concorrentes, porém, foi invertida pelos votos: quando 99,39% das urnas haviam sido apuradas no estado, na noite de domingo (2/10), Tarcísio Freitas (Republicanos) tinha ficado na frente de Fernando Haddad (PT), por 42,35% a 35,66%. Rodrigo Garcia (PSDB), que chegou em terceiro, teve 18,40%.
Em pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na véspera da eleição, com margem de erro calculada em dois pontos percentuais, Haddad aparecia na frente, com 39% das intenções de votos válidos, e Tarcísio marcava 31%, mais de 10 pontos percentuais a menos do que o resultado alcançado por ele. Garcia aparecia com 23%.
Já o Ipec previu Haddad com 41%; Tarcísio com 31%; e Garcia com 22%. A margem de erro anunciada pelo instituto também foi de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
As pesquisas também erraram no levantamento para o Senado em São Paulo. Para o Datafolha, Márcio França (PSB) tinha 45% das intenções de voto, contra 31% de Marcos Pontes (PL). O resultado aferido pelo Ipec, na véspera da votação, foi parecido: França com 43% e Pontes com 31%.
Quando as urnas foram apuradas, porém, o eleito foi o ex-ministro da Ciência e Tecnologia — e com mais votos até do que os institutos de pesquisa projetavam para França: 49,71% para o vencedor e 36,23% para o socialista.
Senado e governo no RS
Na disputa para o governo do Rio Grande do Sul, pesquisa Ipec divulgada na sexta-feira (30/9) apontava Eduardo Leite (PSDB) na liderança, com 40% dos votos válidos, seguido de Onyx Lorenzoni (PL), com 30%, e Edegar Pretto (PT), com 20%.
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