06/02/2022 08:51:51
Geral
Família dos Estados Unidos adota cinco irmãos no Distrito Federal
Grupo de irmãos estava em um abrigo de Ceilândia e já embarcou rumo à nova vida nos Estados Unidos
ANDRE BORGES/AGÊNCIA BRASÍLIAGrupo de irmãos, duas meninas e três meninos, foram adotados por uma família dos Estados Unidos

 Após quatro anos de espera, um grupo de cinco irmãos do Distrito Federal foi adotado por uma família dos Estados Unidos. As crianças, que têm entre 5 e 13 anos de idade, estavam acolhidas na Casa da Criança Batuíra, em Ceilândia, mas já embarcaram rumo à América do Norte.

O casal de Massachusetts, uma professora de educação infantil e um analista de sistemas, já são pais de quatro filhos, três biológicos e uma adotada. Ainda assim, após conhecer as histórias e ver fotos dos irmãos brasileiros, não tiveram dúvidas quanto ao processo de adoção.

"A mãe e o pai se apaixonaram pelas crianças e estavam muito seguros da decisão. Eles já tinham adotado uma menina congolesa e gostaram da experiência", comenta a pedagoga Vânia Maria Valadão, da Comissão Distrital Judiciária de Adoção do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal). O processo de adoção das crianças contou com a atuação do organismo internacional Lifeline Children’s Services.

“Observamos que a experiência prévia da maternidade e da paternidade parece ter tornado o estabelecimento de vínculos mais fácil e natural. O casal demonstrou habilidade para atender às diferentes demandas que surgiram e ainda para conduzir as tarefas cotidianas, sempre de modo afetivo e disponível para a aproximação e vinculação com as crianças”, reforça a assistente social e secretária executiva da CDJA, Thaís Botelho.

Nem mesmo o idioma foi obstáculo para a adoção dos irmãos, apesar do receio inicial das crianças. Antes do contato com os pais americanos, eles passaram por preparação com psicoterapia e aulas de inglês. "Elas tiveram uma noção básica do idioma, mas também se comunicavam com mímica e apontando objetos. Os pais sabiam como tratá-los, sabiam que tinha que falar devagar, olhar nos olhos. Também tentamos passar para as crianças que quando temos amor, carinho e dedicação, a gente consegue se comunicar, sim, apesar do idioma", ressalta Valadão.

Processo de habilitação

Apesar da disposição, o casal precisou esperar o processo de habilitação para adoção nos EUA, pois a habilitação no Brasil somente pode ocorrer após o deferimento do pedido no país de origem. Eles esperaram quase 10 meses para finalizar.

Foram realizados 14 encontros de preparação no processo de adoção, antes da chegada dos adotantes, e outros 10 durante o estágio de convivência com a família no Brasil. Uma etapa importante para a transição do acolhimento institucional à vinculação a uma nova família, explicou Botelho. Um dos filhos do casal, de 22 anos, também veio ao Brasil para o estágio de convivência.

A história da adoção inspirou a escrita do conto infantil "Seguindo em Frente", de autoria de Thaís Botelho com ilustrações de Érika Duarte, dado de presente aos irmãos e sua nova família como lembrança de suas vivências no Brasil.

Adoção no Brasil

Atualmente, 29,7 mil crianças e jovens estão acolhidos em abrigos e orfanatos em todo o Brasil. No entanto, apenas 3,9 mil são consideradas aptos para adoção, segundo os dados do SNA (Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento), mantido pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Na outra ponta da história, estão 32,8 mil pretendentes habilitados a adotar uma dessas crianças.

A dificuldade, no entanto, está no perfil escolhido por quem deseja adotar. A maioria só aceita crianças com até seis anos de idade; em contrapartida, a maior parte das crianças disponíveis, 1,1 mil, são maiores de 15 anos, e só 892 têm menos de seis anos.

"Essa adoção internacional foi muito importante para a nossa sessão e para o DF porque foi inusitada, mas é importante dizer que o ideal seria que essas crianças conseguissem ficar no Brasil. No entanto, os brasileiros têm um perfil muito específico, ao contrário de estrangeiros, que estão mais dispostos a adotar grupos de irmãos, por exemplo", diz Valadão.

"Casais brasileiros, geralmente, exigem bebês recém-nascidos, de até 3 anos, preferência por meninas brancas. Então a especificação é tão grande que fica muito difícil encontrar essas crianças no abrigo", completa.

Em 2021, de acordo com a VIJ, foram realizadas duas adoções internacionais de quatro crianças do Distrito Federal, ambas feitas por casais da França. Segundo órgão, crianças brasileiras só são disponibilizadas para a adoção internacional quando não as chances de conseguirem uma família no Brasil são consideradas pequenas.

Fonte: R7

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