Nos seis primeiros meses de 2022, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) registrou mais de 143 mil ligações em todo estado. No entanto, de acordo com as estatísticas, o número de trotes recebidos ultrapassa os 45 mil, dado considerado alto e que atrapalha, consequentemente, a atuação dos profissionais.
Os boletins que trazem os balanços nessas ocorrências mostram que no primeiro semestre foram 143.358 ligações, sendo 45.018 trotes, o que representa um percentual de 31,40% do número de ligações. Comparando os chamados em Maceió e em Arapiraca, o número de chamados para atendimentos na capital são maiores, no entanto, proporcionalmente, o percentual de trotes é superior na região do Agreste.
De janeiro a junho deste ano, foram 63.597 ligações para o Samu Arapiraca, e 24.922 trotes, um percentual de 39,18%. Esse percentual é maior do que o registrado nos atendimentos gerais. Já em Maceió, foram 79.761 ligações, sendo 20.096 trotes, o que representa 25,19%. Na capital alagoana, o mês de janeiro aparece com o maior número de chamados: foram 14.511 ligações e 4.049 trotes. No Agreste, os chamados foram maiores em maio, com 11.993 ligações e 5.711 trotes.
TROTES VOLTAM A CRESCER
Nos últimos anos, o número de trotes recebidos pelo Samu de Alagoas têm reduzido, mas ainda atinge um alto patamar. Em 2021, este número voltou a crescer e o Samu registrou 106.721 ligações falsas através do 192 em Alagoas. No último ano, houve um crescimento de 4% nos chamados falsas em relação a 2020, quando 102.393 trotes foram recebidos.
Este índice é superior até dos 55 mil casos reais atendidos pelo Samu em Alagoas ao longo de todo o ano passado. Na Central Maceió, foram 62.103 ligações clandestinas recebidas e 44.618 na Central Arapiraca que além da própria frota, regulam outras 35 bases descentralizadas pelo interior do Estado e o helicóptero Falcão 05, que realiza o Serviço Aeromédico.
De acordo com o artigo 266 do Código Penal Brasileiro, passar trote para serviços de emergência é crime e o infrator pode pegar de um a seis meses de detenção. O supervisor geral do Samu Alagoas, Jhonat Silva, explica que mesmo com equipe especializada para detectar chamadas mentirosas, a ação resulta em perdas no atendimento.
“Antes de ser liberada a viatura, um Técnico Auxiliar de Regulação Médica (TARM) faz o preenchimento de uma ficha solicitando dados do cidadão, endereço da ocorrência e já executa algumas técnicas para identificar a veracidade dos fatos. Ao fazer esse preenchimento de informações, alguém que de fato precise de atendimento pode estar esperando a linha desocupar e esse tempo resposta faz muita diferença”, ressalta o supervisor.
CONSCIENTIZAÇÃO
Boa parte dos chamados falsos vêm de crianças e adolescentes. Por isso, o Samu Alagoas realiza, desde 2014, em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o Projeto de Extensão Samu nas Escolas e já conseguiu registrar redução de 80% no número de trotes. Antes do programa, cerca de 500 mil ligações enganosas eram recebidas por ano.
Com palestras e atividades lúdicas, os graduandos dos cursos de Medicina, Enfermagem e de Serviço Social da Ufal, junto com os profissionais do Samu, levaram informações e orientações para os pequenos sobre a importância de não passar trotes e de que forma essas brincadeiras de mau gosto prejudicam o atendimento de urgência e emergência realizado pelos nossos socorristas.
Com a pandemia de covid-19, a iniciativa foi pausada em 2020 mas deve ser retomada ainda este ano.
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