04/08/2021 09:03:13
Geral
É falso que cientista tenha dito que 80% da população seria imune ao coronavírus
A ideia foi atribuída ao neurocientista Karl Friston, mas ele mesmo confirmou ao site de checagens de informações Aos Fatos que as informações são falsas
Ilustração
Agência Alagoas

 Circula nas redes sociais uma mensagem que atribui ao neurocientista Karl Friston a ideia de que a maioria da população seria imune ao novo coronavírus e que pessoas assintomáticas não transmitiriam o vírus. O texto é falso. O próprio neurocientista, apontado como responsável pela teoria, desmentiu a informação e a OMS afirma que existe a possibilidade de haver transmissão da Covid-19 mesmo entre pessoas assintomáticas.

A mensagem cita várias ideias conspiratórias e tenta colocar em dúvida a realidade da pandemia. “OMS admitindo que assintomáticos não transmitem e agora descobrimos que 80% da população é imune porque o sistema imunológico consegue reagir ao covid19 como se fosse um resfriado comum. Karl Friston, renomado cientista britânico, afirma que a população suscetível efetiva nunca foi 100%”, diz trecho do texto.

A afirmação não passa de boato. O texto já circulava em junho de 2020, mas voltou a ser compartilhado em 2021. A ideia foi atribuída ao neurocientista Karl Friston, mas ele mesmo confirmou ao site de checagens de informações Aos Fatos que as informações são falsas. Além disso, o cientista confirmou que seus estudos mostram a necessidade do distanciamento social para combater a proliferação do novo coronavírus.

O site que divulgou a mensagem falsa diz que a suposta fala de Friston foi dita durante uma entrevista a um site britânico. No entanto, o que o neurocientista defendeu é que, ao fim da pandemia, é possível que se descubra que entre 50% e 80% da população britânica não seja suscetível à infecção pelo novo coronavírus. Ele ressalta que essa taxa pode variar de país para país e que ela não necessariamente significa que essas pessoas sejam imunes à doença. Além disso, a entrevista foi realizada quando ainda não havia expectativa de vacina e Karl lembrou que estudos mais completos já foram publicados posteriormente.

Presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), a microbiologista Natalia Pasternak, explicou ao Estadão que a porcentagem apresentada no texto que circula na internet não faz sentido. “80% de uma população imune é o que a gente quer atingir com uma vacina. Se isso fosse verdade, o vírus nem circulava”, esclareceu.

Sobre a possibilidade do vírus não ser transmitido por pessoas assintomáticas, o Ministério da Saúde, informa que – assim como aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS) - há alguma evidência de que é possível, apesar de rara, a disseminação a partir de portadores assintomáticos. O órgão também assegura que a suscetibilidade é geral “por ser um novo vírus e de potencial pandêmico”.

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