Uma jovem teve o direito de trocar o nome do pai na Certidão de Nascimento acatado pela 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL). Com a mudança, o documento passará a contar com o nome do pai biológico e não mais do pai registral. A decisão foi proferida por unanimidade nessa quarta-feira (10). O desembargador Fábio Ferrario afirmou que o pai biológico não manteve, inicialmente, laços afetivos com a filha.
O Juízo da 26ª Vara Cível da Capital julgou improcedente o pedido de alteração, razão pela qual o pai biológico ingressou com apelação no TJAL. Ao analisar o caso, a 4ª Câmara Cível votou pela reforma da decisão.
Segundo o desembargador Fábio Ferrario, a principal interessada na alteração é a própria jovem, que não possui vínculo afetivo algum com o pai registral. "Ela, na época adolescente, foi ouvida em audiência afirmando que não possuía qualquer contato com o pai registral desde que tinha um ano de idade. Narrou que o apelante [pai biológico] participou de toda a sua formação psicológica, estando presente desde a tenra infância até a adolescência e, por fim, apresenta-se socialmente como seu pai".
O relator do processo, diante dos passos, afirmou ainda que a divergência entre a realidade fática e o que consta no registro civil gera constrangimentos à jovem, que acaba privada de ver reconhecida, juridicamente, a relação de parentalidade. "Não há que se falar em multiparentalidade porque, para a apelada, só há um único pai, o recorrente", enfatizou Fábio Ferrario.
Em seu voto, o Ferrario ressaltou que o recorrido [pai registral] não demonstrou nos autos qualquer interesse em manter o vínculo. "Apesar de devidamente citado, não compareceu à audiência, sendo decretada a sua revelia. Dessa forma, não há interesse de nenhum dos envolvidos em manter o vínculo registral. Efetivamente, não há pretensão resistida", destacou.
ENTENDA
Os autos informam que o pai biológico não manteve, inicialmente, laços afetivos com a filha e se separou da mãe dela. Nesse período, a genitora iniciou relacionamento com outro homem, que optou por registrar a criança, mesmo ela não sendo sua filha biológica. Quando a menina tinha um ano de idade, o pai biológico retomou o relacionamento com a mãe dela.
Ao ingressar na Justiça pedindo a alteração no registro civil da filha, alegou que o pai registral nunca criou vínculo com a garota e que, apesar de devidamente citado, não compareceu à audiência.
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