A Justiça negou o pedido de liberdade para o primeiro tenente da Polícia Militar de Alagoas (PMAL), Wellington Aureliano da Silva, preso desde 24 de janeiro de 2019, acusado de ser integrante de uma organização criminosa liderada por policiais militares, que teriam cometido crimes de roubo, tráfico de drogas e armas, além de invasão às residências. A decisão é dos juízes da 17ª Vara Criminal da Capital e foi publicada no Diário da Justiça desta segunda-feira (18).
Consta na decisão que a defesa do PM argumentou que há excesso de lapso temporal transcorrido desde a prisão, além, segundo os advogados, da ausência de circunstância proporcional ou necessária para manutenção da citada modalidade de prisão. “No mais, aduziu ser possuidor de bons antecedentes, residência e empregos fixos”, diz o documento.
Contudo, ao negar o pedido, os juízes pontuaram que o processo aguarda a realização de uma perícia em áudio e que esta prova pendente foi pedida pela própria defesa. Além disso, os juízes afirmam que continuam mantidos os requisitos da prisão preventiva.
“Não há dúvidas de que a decisão que decretou a prisão preventiva encontra-se devidamente amparada dos fundamentos jurídicos cabíveis, fundamentando a segregação cautelar na necessidade de garantir a ordem pública e aplicação da lei penal. Ora, é inegável que a complexidade do presente feito urgiu a adoção de medida excepcional com o caráter de prevenir a sociedade da atuação de um grupo criminoso, diante da possível atividade desempenhada pelo investigado dentro do grupo”, diz trecho da decisão.
O CASO
Wellington Aureliano da Silva foi preso em 24 de janeiro de 2019, durante a operação Expurgo, desencadeada pelo Ministério Público de Alagoas (MP/AL). As investigações do MP/AL duraram seis meses. Tudo começou quando o Ministério Público recebeu denúncias de que um grupo de militares estaria praticando assaltos em diferentes cidades do estado.
A apuração seguiu e o Ministério Público teve acesso às câmeras segurança de uma casa que sofreu uma tentativa de roubo, no município de Santa Luzia do Norte. Nelas, as imagens mostram que a invasão ao imóvel contou com a participação dos tenentes Tiago da Silva Duarte e Wellington Aureliano da Silva.
Segundo as investigações, o bando teria invadido a residência porque recebera a informação de que a vítima estaria guardando a quantia de R$ 190 mil. O roubo foi frustrado porque o dono da casa desconfiou, quando os supostos criminosos pularam o muro e se identificaram como policiais. Armado, ele atirou contra os invasores, que desistiram da prática do delito.
O MP/AL também descobriu que os militares costumam agir ao lado de outras cinco pessoas, e que todos cometem assaltos e comercializam ilegalmente armas e entorpecentes. Há denúncias também da prática de homicídios e estupros. Para esses dois últimos ilícitos, o MPE/AL prossegue com as investigações.
AS PROVAS
O procedimento investigatório criminal do MP/AL também descobriu que, em conversas reservadas, o tenente Tiago da Silva Duarte, que, à época, trabalhava no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), admitiu receio de haver uma investigação em curso sobre a tentativa de assalto à casa de um morador de Santa Luzia do Norte, o que poderia terminar por incriminá-lo.
E, com a continuidade das investigações, o MP/AL também apurou que Tiago tramou um roubo a uma residência na cidade de Colônia de Leopoldina. “Um fato estarrecedor foi a assunção do compromisso de Tiago Duarte em retirar a viatura do Pelopes de Joaquim Gomes, no momento da futura ação criminosa, como forma de evitar que o assalto fosse frustrado ou houvesse confronto com a força policial local”, disse um trecho da representação criminal enviada aos juízes da 17ª Vara Criminal da capital.
Fonte: Gazeta Web
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