Foram inocentados pela Justiça de Alagoas o pai e a madrasta de Allexia Sophia da Silva, a menina de cinco anos que morreu após ser socorrida com hematomas no corpo no município de São Miguel dos Campos, na Zona da Mata do Estado. A criança teve a morte confirmada no dia 19 de julho de 2022, dois dias depois de dar entrada em uma unidade de saúde. O caso foi investigado como espancamento.
O Poder Judiciário alagoano julgou o casal Alex Sandro Honório da Silva e Cícera dos Santos no Fórum Desembargador Moura Castro, na cidade onde a família mora. Eles foram denunciados pelo crime de homicídio quadruplamente qualificado pelo Ministério Público do Estado de Alagoas. De acordo com o promotor de Justiça Arlen Brito, o órgão avalia a possibilidade de recurso.
O Tribunal do Júri durou aproximadamente 12 horas, realizado na 4ª Vara Criminal, comandada pela magistrada Laila Kerckhoff dos Santos. Os dois foram absolvidos por negativa de autoria.
O TNH1 não conseguiu contato com a defesa do casal e o espaço segue aberto para manifestação.
Casal alegou queda de criança - Na época da morte de Allexia Sophia, o casal alegou que ela havia escorregado e caído no banheiro da casa, porém o Conselho Tutelar informou que os ferimentos encontrados no corpo da menina não seriam apenas de uma queda, e sim, de tortura. O pai e a madrasta foram detidos em flagrante e depois tiveram a prisão convertida em preventiva.
"Eles falaram que foi uma queda no banheiro e que depois disso ela vomitou três vezes. Falaram que ela escorregou e caiu para alegar os ferimentos, mas a menina já chegou mal na UPA", disse o conselheiro Jean Carlos, um dia depois de o caso vir à tona.
Allexia pediu ajuda da mãe - A menina Alexia Sophia, que morreu dois dias depois de internação em hospital, vítima de espancamento, pediu para a mãe, que morava na cidade do Rio de Janeiro, para ela vir buscá-la em Alagoas, pois não estava sendo 'bem cuidada' pelo pai. O pedido de socorro de Alexia, enviado por mensagem de Whatsapp, foi confirmado pela própria mãe, durante entrevista, no dia 20 de julho de 2022.
"Teve duas vezes que ela falou 'mamãe, vem me buscar, pois estou com muita saudade e não estou sendo bem cuidada'. Eu sempre cobrava dele informações sobre a minha filha, e ele sempre falava que estava tudo bem. Além disso, ele sempre dizia que não estava acontecendo nada. Como eu confiava muito nele, não questionava", contou à época.
Durante a entrevista, a mãe também revelou que pai de Alexia sempre demonstrou ter um carinho enorme pela filha. A menina teria sido deixada aos cuidados do ex-companheiro após ela se mudar. "Em 2022, fez dois anos que eu deixei a minha filha com o pai e fui trabalhar no Rio de Janeiro. Nós estávamos separados, e eu era muito nova quando me casei com ele... e, agora, havia deixado ela sob responsabilidade dele. Eu fiz isso porque ele sempre me passava muita confiança. Eu sempre confiei muito nele! Ele era muito amoroso com a nossa filha. No momento em que estivemos juntos, ele nunca agrediu ou tocou a minha filha", disse.
Laudo da morte da menina - Segundo o instituto, o exame apontou que Alexia morreu por tromboembolismo pulmonar, em consequência de um trauma sofrido por algum instrumento contundente. Ainda de acordo com o laudo, o trauma causou obstrução nas artérias pulmonares e impediu a circulação sanguínea em alguns órgãos. Alexia Sophia foi internada em estado grave, na madrugada de domingo, 17, depois de ser brutalmente agredida pelo pai e a madrasta. Ela permaneceu dois dias internada na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI) do Hospital Geral do Estado (HGE) e apresentava diversos hematomas pelo corpo.
O resultado do exame cadavérico já foi comunicado ao delegado responsável pelo caso e, segundo o IML, em breve o laudo com todos os detalhes técnicos será encaminhado à Polícia Civil. O corpo de alexia foi liberado aos familiares para sepultamento, na tarde dessa quarta-feira, 20.
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