O empresário Saul Klein, que é filho do fundador das Casas Bahia, foi condenado pela 4ª vara do Trabalho de Barueri, em São Paulo a pagar indenização por dano moral de R$ 30 milhões pelos crimes de tráfico de mulheres e explorar sexualmente mais de 100 mulheres e meninas. O dinheiro será revertido para três instituições que atuam na área da saúde. De acordo com o juízo, a condenação foi por "aliciar jovens mulheres e adolescentes com falsas promessas de trabalho e as explorar sexualmente, submetendo-as a condição análoga à escravidão".
O parecer da Justiça do Trabalho foi publicada nesta sexta-feira (14). A condenação de Klein é considerada a maior por tráfico de pessoas na história do país e a segunda por dano moral coletivo por trabalho escravo.
Klein também foi proibido de fazer qualquer prática definida como tráfico de pessoas ("agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar, acolher") com o intuito de realizar exploração sexual. Também não pode manter nenhuma mulher em condições de trabalho análoga à escravidão ou violar "a autodeterminação, liberdade e dignidade de mulheres e adolescentes". Se alguma dessas ordens forem descumpridas, Klein pagará multa de R$ 100 mil.
Marie Claire tenta contato da defesa de Saul Klein, mas não teve retorno. Se houver manifestação, essa reportagem será atualizada.
O processo está sob sigilo na Justiça, e a decisão acata pedido do Ministério Público do Trabalho (MPT). Em 2022, o órgão moveu uma ação civil pública contra Klein. A investigação do órgão concluiu que ele cooptava adolescentes e mulheres nas faixas de 16 e 21 anos com falsas promessas de que trabalhariam como modelos. No entanto, elas eram incluídas no esquema de exploração no sítio de Klein em Boituva, interior paulista. Todas estavam em situação de vulnerabilidade social e econômica. Klein "se valia de uma grande estrutura para a prática dos ilícitos, detentor de grande influência e poder econômico, o que leva a crer que pode vir a praticar novamente tais atos".
Após a cooptação, eram mantidas sob constante vigilância armada e não tinham acesso ao celular. Algumas foram expostas a Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), constatadas por uma ginecologista que as atendia em meio às festas sexuais que o empresário promovia para abusar sexualmente das meninas. Nessas festas, segundo o juízo de Barueri, o réu satisfez "desejos pessoais", "feriu aspectos íntimos da dignidade da pessoa humana, causou transtornos irreparáveis nas vítimas e mudou definitivamente o curso da vida de cada uma delas".
As denúncias foram encaminhadas para o Ministério Público do Trabalho com apoio da ONG Justiceiras e de apurações jornalísticas. O esquema foi exposto em 2021 pela Agência Pública e pelo Universa, do UOL. Em abril de 2022, ele foi indiciado por crimes sexuais contra 14 mulheres e, no dia seguinte, a Polícia de São Paulo pediu sua prisão por exploração de mulheres.
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