30/07/2024 13:32:22
Mundo
DJ de 'Santa Ceia' da abertura registra queixa na polícia por ameaças de morte
Barbara Butch protagonizou cena com drag queens que causou polêmica entre religiosos
ReproduçãoDJ Barbara Butch participou de abertura de Paris-2024
Redação com O Globo

A DJ Barbara Butch, protagonista da cena com drag queens na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, apresentou queixa na polícia francesa por ameaças de morte e insultos públicos. A passagem gerou críticas de religiosos pelo mundo, que viram na encenação uma referência à última ceia de Jesus Cristo com apóstolos, o que a direção artística do evento nega. As autoridades francesas abriram uma investigação para apurar a ocorrência de "cyber assédio" contra Barbara.

A ativista feminista e lésbica relatou em sua conta de Instagram que foi "objeto de cyberbullying, particularmente violento" após a participação na abertura, na última sexta-feira.

 

A artista decidiu apresentar queixa depois de ter sido “ameaçada de morte, tortura e estupro”, alvo de “numerosos insultos de caráter antissemita, homofóbico, sexista e gordofóbico”, afirmou a sua advogada Audrey Msellati num comunicado compartilhado no Facebook.

Butch atuou numa cena intitulada "Festa" que começa com a imagem de um grupo ao redor de uma mesa, incluindo inúmeras drag queens — alguns setores, especialmente os religiosos, entenderam como uma zombaria da "Santa Ceia".

 

 

O diretor da cerimônia de abertura, Thomas Jolly, negou ter se inspirado na cena religiosa e garantiu que se tratava mais de “realizar uma grande festa pagã ligada aos deuses do Olimpo”.

 

A sequência foi criticada por líderes políticos de extrema-direita, por Donald Trump e pelo bispado francês, que lamentou o que chamou de “zombaria do cristianismo”.

A comissão organizadora dos Jogos “condenou firmemente” o cyberbullying de que foi vítima “a equipe artística” da cerimônia.

 

— Estamos ao lado deles e os apoiamos — disse a diretora de comunicações, Anne Descamps.

A artista francesa disse em sua conta no Instagram que a princípio decidiu “não falar abertamente para deixar os odiadores se acalmarem”. Mas “as mensagens que recebi foram cada vez mais extremas”, disse ela.

 

Segundo a advogada dela disse à AFP, "aqueles que atacam Barbara Butch fazem-no porque não suportam que ela possa representar a França", porque ser mulher, lésbica, gorda, judia.

— Ao atacá-la, eles atacam os valores, direitos e liberdades da França, que ela representa pela sua existência no espaço público e principalmente pelo fato de agir pelo seu país a nível internacional — disse Msellati.

 

 

 

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