02/08/2024 14:24:25
Mundo
Entenda como bomba plantada há meses matou líder político do Hamas
Foi utilizado um dispositivo explosivo que estava escondido no prédio em que Haniyeh e seu guarda-costas se hospedaram
Ashraf Amra/Agência Anadolu/Getty ImagesO líder sênior do Hamas, Ismail Haniyeh, faz um discurso durante um desfile militar das Brigadas Ezzedin al-Qassam
Redação com CNN Brasil

O líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi enterrado nesta sexta-feira (2) em Doha, no Catar, dois dias após ter sido morto no Irã.

 

Uma apuração da CNN descobriu detalhes de como ocorreu o assassinato na capital Teerã.

Uma fonte familiarizada com o assunto relatou à CNN que foi utilizado um dispositivo explosivo que estava escondido no prédio em que Haniyeh e seu guarda-costas se hospedaram.

Segundo a fonte, que foi informada da operação, a bomba foi plantada há cerca de dois meses em um prédio e foi detonada remotamente enquanto o chefe do Hamas estava dentro do quarto.

O governo iraniano e o Hamas afirmam que Israel executou o assassinato. Israel não confirmou nem negou o seu envolvimento.

Autoridades dos EUA foram informadas sobre a operação por autoridades israelenses somente após o assassinato, disse a fonte.

O New York Times foi o primeiro a relatar os detalhes do assassinato de Haniyeh e o uso da bomba escondida.

 

O assassinato de Haniyeh levantou mais uma vez receios de que o conflito de Israel com o Hamas e seus aliados pudesse evoluir para uma guerra plena e multifacetada no Oriente Médio.

A mídia estatal iraniana e o Hamas indicaram anteriormente que Haniyeh foi morto por um foguete disparado de fora do prédio onde estava hospedado.

Mas a revelação de que uma bomba foi contrabandeada para dentro da residência de hóspedes, que estava sob a proteção do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, indica uma surpreendente violação de segurança para o IRGC.

 

A CNN solicitou comentários do governo iraniano e aguarda retorno.

Não está claro quando Haniyeh chegou a Teerã, mas a mídia estatal iraniana informou pela primeira vez que ele chegaria para assistir à posse do novo presidente do país na segunda-feira (29).

Ele tinha uma agenda lotada de aparições públicas e reuniões antes de ser assassinado, de acordo com relatos da imprensa estatal iraniana.

Haniyeh foi fotografado na terça-feira (30), antes da posse, reunindo-se com o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.

Posteriormente, a mídia estatal iraniana publicou imagens de Haniyeh se reunindo com o novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian.

Haniyeh foi visto em seguida chegando à cerimônia de inauguração no prédio da Assembleia Consultiva Islâmica do Irã, onde se sentou na primeira fila.

 Pouco antes das 19h, no horário local, Haniyeh fez sua última aparição pública em uma exposição na Torre Milad de Teerã.

 

Às 2h da manhã daquela noite, de acordo com o meio de comunicação estatal IRNA, ele foi morto, com o que a IRNA descreveu como um “projétil teleguiado aerotransportado”.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse na quarta-feira: “Vocês mataram nosso querido convidado em nossa casa e agora prepararam o caminho para sua dura punição”.

A morte marcou o início de uma nova fase imprevisível da guerra de Israel com o Hamas, ocorrendo poucas horas depois de um ataque israelense em Beirute, no Líbano, na terça-feira, que matou o comandante do Hezbollah, Fu’ad Shukr, a quem Israel atribuiu a culpa por um ataque mortal nas Colinas de Golã no fim de semana.

Israel anunciou na quinta-feira (1°) que havia confirmado ter matado Mohammed Deif, chefe da ala militar do Hamas e um dos principais arquitetos dos ataques de 7 de outubro, no mês passado.

Os militares israelenses disseram que mataram Deif em 13 de julho em um ataque a Khan Younis.

Esses mesmos ataques também mataram pelo menos 90 palestinos na extensa cidade de tendas de Al-Mawasi, disse o Ministério da Saúde de Gaza.

A CNN entrou em contato com o Hamas para confirmar a morte de Deif, mas não obteve resposta.

O caixão de Haniyeh foi transportado pelas ruas de Teerã em uma procissão na quinta-feira, com milhares de pessoas fazendo fila nas ruas para assistir, antes de ser enterrado na capital do Catar, Doha, nesta sexta-feira (2).

 

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