Kaija Millar, de 34 anos, foi condenada a três anos de prisão, na quinta-feira (10), por ter deixado o filho de 14 meses trancado no carro, sozinho, enquanto ela praticava jogos de azar em um hotel. O caso ocorreu em janeiro de 2020, em Melbourne, na Austrália, em um dia em que os termômetros ultrapassaram os 37 graus.
Depois de o bebê ficar 4 horas e 50 minutos preso à cadeirinha do carro, com os vidros fechados e o ar-condicionado desligado, a mãe foi dar uma olhada nele e o encontrou convulsionando, espumando pela boca. Testemunhas afirmam que a criança estava “azul acinzentada”, além de não reagir aos chamados de Kaija.
Ao buscar socorro no hotel, a mãe mostrava preocupação em pedir às pessoas que não contassem ao marido dela que ela estava jogando e havia deixado a criança no veículo por “apenas” duas horas, com as janelas abertas e o ar-condicionado ligado. Millar também tentou justificar o estado crítico do bebê dizendo que ele havia inalado muita fumaça de queimadas na região.
Enquanto o filho era atendido por paramédicos, a mulher repetiu a mesma história, porém, dessa vez, assumiu que a criança havia permanecido por mais tempo no veículo, mas que estava sendo monitorada por ela a cada duas horas. As imagens de câmeras de circuito fechado, no entanto, registraram que Kaija estacionou pouco antes das 10 da manhã e só voltou ao local por volta das 3 da tarde. Devido ao ocorrido, o bebê Easton Millar sofreu lesões graves com danos irreversíveis no cérebro, rins e fígado, além de ter ficado cego.
Em entrevista à imprensa local, a juíza Felicity Hampel disse que o caso não se trata de acidente, que a criança chegou a esse estado em consequência de ações diretas da mãe e da falta de vigilância. “Uma mãe razoável teria percebido que sua conduta criava um alto risco de morte ou ferimentos muito graves”, afirmou a magistrada.
Kaija Millar respondeu por duas acusações, lesões graves e negligência, e se declarou culpada à Corte do Condado de Victoria. Essa não foi a primeira vez que a mulher se viu às voltas com a Justiça. No passado, Millar havia cumprido uma pena de três anos por negligência.
O cumprimento da primeira pena não foi suficiente para que a condenada compreendesse a extensão e a gravidade de seus atos nem a impediu de repetir o comportamento. Assim como a segunda condenação não fará com que o bebê Millar tenha uma vida normal. Ele é totalmente dependente de cuidadores e, segundo depoimentos dados em juízo, com a idade essa dependência será ainda maior.
Se pela gravidade das consequências uma pena de três anos parece pouco, a situação é mais branda ainda, pois Millar só terá de cumprir um ano em regime fechado. Em um país que, durante a pandemia, estabeleceu um dos mais longos lockdowns do mundo e impôs medidas restritivas altamente rígidas para “salvar vidas”, é curioso saber que daqui a 12 meses a reincidente Kaija Millar estará novamente em liberdade.
A passagem do livro bíblico de Mateus nunca esteve tão atual: “E por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos” (24:12).
Fonte: R7
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