O Ministério Público do Egito ordenou, nessa segunda-feira (31) a detenção por assédio sexual do médico de Porto Alegre, Victor Sorrentino, que publicou um vídeo em que constrange uma vendedora na cidade do Cairo, capital do país africano. O órgão instaurou investigação urgente do caso.
Em nota publicada no início da noite desta segunda, no horário de Brasília, o órgão afirma que a detenção vale até que as investigações sejam retomadas na manhã de terça (1º), quando uma nova decisão será tomada.
Ao G1, a advogada Amanda Bernardes, que representa Sorrentino, afirmou que o passaporte já foi devolvido. "O MP requereu só que ele continuasse lá para amanhã [terça, 1º] prestar novos esclarecimentos que não foram suficientes", afirma.
O comunicado ainda afirma que o homem tentou se desculpar pessoalmente, mas a vendedora mesmo assim preferiu seguir com o processo criminal contra Sorrentino, por causa dos danos que causou ao publicar as imagens nas redes sociais.
No vídeo, o médico está em um bazar turístico no Cairo, onde uma mulher mostrava como é feito o papiro — parecido com o papel, material era usado pelos antigos egípcios para escrever.
Sorrentino aparece perguntando a ela em português: "Vocês gostam mesmo é do bem duro, né?" Depois, em tom de deboche, ele ainda afirma: “E cumprido (sic) também fica legal, né?". A vendedora, que não entende direito o que foi dito, responde “sim”, enquanto ele e os amigos riem. Os fatos ocorreram em 24 de maio.
A Unidade de Monitoramento e Análise de Dados do órgão egípcio iniciou a apuração depois que o vídeo viralizou no país. "Os ativistas desses sites conseguiram traduzir esses abusos e ficou claro no clipe que a menina foi ridicularizada e parecia sorrir distraída, sem saber do abuso verbal", diz o Ministério Público do Egito. Revoltados com o acontecimento, os ativistas ressaltaram o simbolismo da ação.
Acusação
Sorrentino foi preso na manhã de domingo (30), a caminho do Aeroporto de Cairo. O Ministério Público do Egito interrogou o brasileiro por ação "de expor a vítima a insinuações sexuais e insinuações com palavras, a sua transgressão aos princípios da família e valores da sociedade egípcia, sua violação da santidade da vida privada da vítima e seu uso de sua conta online privada para cometer esses crimes", segundo o órgão egípcio.
Na sessão, Sorrentino teria alegado que dirigiu à vendedora frases com conotações sexuais e que publicou o vídeo como uma piada. Conforme o órgão, o médico se desculpou com a vítima depois da repercussão do caso.
Um tradutor especializado foi ouvido na audiência, confirmando o teor das falas do brasileiro, de acordo com a acusação.
Segundo o Ministério Público egípcio, as investigações revelaram a identificação e localização do brasileiro, quando ele tentava deixar o país, após a repercussão do caso mas redes sociais. A entidade diz ter incluído Sorrentino na lista de pessoas proibidas de viajar.
Fonte: G1
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