Uma chinesa de 20 anos da província de Wuhan, epicentro da epidemia de coronavírus, viajou 675 quilômetros até Anyang, no norte do país, onde infectou cinco parentes sem jamais ter exibido os sintomas da doença, anunciaram cientistas chineses na sexta-feira, indicando novos sinais de que o vírus pode ser espalhar assintomaticamente.
O estudo sobre o caso foi publicado jornal da Associação Médica Americana, trazendo pistas sobre como o coronavírus vem se espalhando e indicando que pode ser difícil pará-lo.
- Cientistas têm se perguntado se a pessoa pode ter a infecção e não adoecer. A resposta, aparentemente, é sim, disse William Schaffner, especialista em doenças infecciosas no Centro Médico da Universidade Vanderbilt, que não participou do estudo.
A China relatou à Organização Mundial da Saúde (OMS) 75.567 casos do vírus, conhecido como COVID-19, incluindo 2.239 mortes. A doença já se espalhou por 26 países e territórios fora da China continental.
Pesquisadores relataram casos esporádicos de indivíduos sem sintomas espalhando o vírus. A diferença neste estudo é que ele oferece uma espécie de laboratório de testes, disse Schaffner.
- Essa paciente de Wuhan com vírus viajou para onde esse vírus não existe. Ela continuou assintomática e contaminou um grupo de parentes. E um grupo de cientistas aproveitou imediatamente a oportunidade e examinou todos - explicou o especialista.
Segundo as informações do médico Meiyun Wang do Hospital do Povo da Universidade de Zhengzhou e seus colegas, a mulher viajou de Wuhan a Anyang no dia 10 de janeiro e visitou diversos parentes. Quando eles começaram a adoecer, o médicos isolaram a mulher e fizeram testes para o coronavírus. Inicialmente, os resultados foram negativos, mas novos exames mostraram que ela tinha o vírus.
Todos os cinco parentes desenvolveram pneumonia a partir do COVID-19, mas, até o dia 11 de fevereiro, a jovem permanecia sem desenvolver qualquer sintoma. Tomografias computadorizadas de seus pulmões eram normais, e ela não tinha febre nem sintomas gástricos ou respiratórios, como tosse ou dor de garganta.
No estudo, os cientistas disseram que, se os resultados se repetirem em outros casos, “a prevenção de infecções pelo COVID-19 vai se mostrar um desafio".
As questões cruciais agora, segundo Schaffner, são como esse tipo de transmissão acontece e quando, durante o período assintomático, exames vão mostrar que a pessoas está contaminada pelo vírus.
Fonte: O Globo
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