Os casos de insônia tendem a surgir com maior predominância nesse período de pandemia da Covid-19. A observação é da neurologista Rossana Silvestre, do Hospital Escola Portugal Ramalho (HEPR), unidade assistencial da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). De acordo com a médica, o estresse emocional, físico, familiar, profissional e social, ligado a esse momento de medo pela infecção do vírus, gera um temperamento ansioso e de estímulo ainda mais agudo à insônia.
“A pandemia da Covid-19 tem nos levado a uma circunstância de angústia e aflição que, consequentemente, causa ansiedade e atrapalha o ritmo do sono, mexendo com a dinâmica diária das pessoas”, explicou Rossana Silvestre. A temática, inclusive, foi assunto da edição de julho do “Pit Stop em Saúde Mental'', projeto criado pela Direção de Gestão de Pessoas do HEPR para servidores da unidade hospitalar neste momento pandêmico.
Para trabalhar essa inconstância no sono, a neurologista orienta a adoção de hábitos regulares para o descanso, a exemplo de educar os horários para deitar e levantar; assim como se distanciar do uso de bebidas contendo cafeína, por ativar o cérebro. “Não só o café, mas refrigerantes, energéticos e bebidas alcoólicas”, indicou, destacando, ainda, que uma rotina de exercícios, como uma caminhada no início da manhã ou até o final da tarde, contanto que seja distante da hora de ir pra cama, pode ser um auxiliador natural do repouso.
Outra orientação da neurologista diz respeito à disciplina no horário de dormir e levantar. “Com o teletrabalho, as pessoas foram adquirindo o hábito de dormirem mais tarde e assim acordarem mais tarde também. O que podemos fazer são tentativas de despertar um pouco mais cedo, mas isso não precisa ser de forma repentina, a pessoa pode ir trabalhando isso um dia de cada vez”, explicou.
Um conselho importante da especialista é retirar o uso de luminosidade excessiva no período noturno. Segundo Rossana, tudo que interfere no início do sono tem relação direta com a luz exagerada em nosso ambiente de repouso. “O uso de aparelhos celulares, de telas da TV, do computador, terminam por conter o hormônio melatonina, que é ativado justamente no escuro, proporcionando um melhor adormecer”, esclareceu.
Ainda de acordo com a médica, é importante o cuidado de, pelo menos duas horas antes do horário planejado de ir pra cama, se abster do clarão demasiado. Isso porque a má-qualidade desse repouso surge, principalmente, no início do sono. Para a especialista, outra dica valiosa é ocupar bem o dia e tentar retomar paulatinamente à rotina anterior, disciplinando, inclusive horários das refeições, caso tenha havido discrepância neste período.
No tocante às doenças originadas pelo sono inadequado, a especialista destaca a cardiovascular, cerebrovascular, demências, autoimunes, síndrome metabólica e diabetes, envelhecimento precoce e neoplasias. Ao primeiro sinal de ansiedade, falta de concentração e irritabilidade, marcadores da alteração do humor e consequentemente da insônia, deve-se buscar ajuda profissional.
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