A nova onda de dengue segue causando a morte de milhares de brasileiros, de acordo com dados publicados pelo Ministério da Saúde (MS). Na última sexta-feira, o Brasil atingiu a triste marca de 1.601 óbitos confirmados por conta da doença, somente em 2024, além de outros 2.061 casos de morte ainda sob investigação. Os dados constam no Painel de Monitoramento das Arboviroses, atualizado pela própria pasta.
Ao todo, o país já registra mais de 3,6 mil óbitos confirmados ou suspeitos até o momento. Segundo a pasta, o número de mortes confirmadas já é 35% superior a todo o ano passado, quando foram contabilizadas 1.179 mortes de brasileiros pela doença. Sobre os casos prováveis, o painel do ministério revela que já são mais de 3,5 milhões em todo o país, contra 1,6 milhão em 2023.
Em relação à divisão por sexo, as mulheres são as que mais são impactadas pela dengue, e representam, ao todo, 55% de todas as ocorrências prováveis, ante 44% entre os homens. A faixa etária mais afetada pela doença é entre 20 e 29 anos, com 358 mil mulheres atingidas dentro dessa faixa, contra 299 mil homens.
Mesmo com o número de casos e mortes consideravelmente superior em relação ao ano passado, a letalidade da doença em relação ao total de casos apresentou uma leve redução, com 4,35% de casos graves em 2024, ante 4,83% no ano passado. Também é menor a letalidade dos casos prováveis, que passou de 0,07% para 0,05%.
De acordo com os dados, há um aumento muito expressivo — de mais de 17 vezes — entre as mortes por dengue que ainda estão sob investigação, entre 2023 e 2024. Em relação aos ocorridos no ano passado, apenas 114 ainda estão sendo investigados. Também subiu o número de casos a cada 100 mil habitantes no país, que passou de 773 em 2023, para 1.741 neste ano.
Vacinas
Enquanto os casos sobem, a vacinação contra a dengue ainda continua baixa. Na última quarta-feira, o MS recomendou a ampliação da faixa etária contemplada com a vacinação da doença para crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos de idade. A pasta argumenta que a estratégia é temporária e visa a aplicação de doses que já estão próximas da data de vencimento.
Se ainda houver baixa adesão pelos municípios à campanha de vacinação, a aplicação dos imunizantes que estão próximas ao vencimento poderá ser ampliada à faixa etária que consta na bula, que vai de 4 a 59 anos. A pasta reitera que a medida só deverá ser adotada em caso de necessidade, para que não haja perda do imunizante.
Por ser a unidade da Federação com a maior incidência de registros do país (7,9 mil a cada 100 mil habitantes), o Distrito Federal ainda sofre com os números elevados e as mortes confirmadas ou suspeitas, que já somam 325 este ano. A coordenadora do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do DF (SPDF), Andréa Jácomo, atesta a situação crítica vivida nas emergências de pediatria.
"A falta de atendimento pediátrico resolutivo, juntamente com os casos aumentados de dengue e os quadros respiratórios em franco aumento esperados anualmente pela sazonalidade de outono e inverno, apontam a necessidade de protegermos as crianças e adolescentes contra aquilo que podemos proteger", levanta a coordenadora.
Por ser mais transmissível no calor, a tendência, segundo especialistas, é de que haja uma regressão no número de casos durante o período atual, de outono e inverno. Apesar disso, essa tendência pode ser anulada, caso o público-alvo busque a imunização, como explica a médica infectologista Eliana Bicudo. "A gente percebe que os adultos ainda não entenderam que essa vacina é segura, que os seus filhos vão se beneficiar, que os riscos da dengue vão amenizar e diminuir nessa faixa etária", pontua.
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