Utilizados por crianças, jovens, adultos e idosos para se comunicar, assistir vídeos, mandar mensagens de áudio e, inclusive, estudar, os celulares fazem parte da rotina de vida da maioria das pessoas. Entretanto, eles carregam riscos graves e podem ocasionar acidentes, como o que aconteceu com a pequena G.S.J., de 10 anos de idade, do povoado Santiago, zona rural de Pão de Açúcar, que teve 40% do corpo queimado, em decorrência de um incêndio residencial, envolvendo um aparelho celular que explodiu.
A criança chegou ao Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Geral do Estado (HGE) na noite dessa quinta-feira (15), com queimaduras de 2º e 3º graus, principalmente nos membros superiores e inferiores. Sua madrinha, a professora Deusdete Assis Gomes, relatou que a criança dormia com o irmãozinho, de dois anos, quando o aparelho explodiu, sem motivo aparente, e o fogo se alastrou no mosquiteiro, cama e quarto inteiro. “Ela protegeu ele, chegando a se queimar muito mais. Ele só teve pequenos ferimentos, está em Arapiraca, em observação, com a mãe que o acompanha,” disse a professora, afirmando que o aparelho não estava em uso e nem carregando.
A médica Daniela Bandeira Pacheco ressaltou que as queimaduras mais graves estão localizadas nas mãos e pés da menor, talvez por proteger o irmão. “Ela está com epidermólise nestas regiões, uma alteração nas proteínas responsáveis pela união das camadas da pele. Será avaliada pelo vascular e, possivelmente, transferida para Unidade de Terapia Intensiva para resguardarmos os cuidados”, salientou.
Paulo Teixeira, médico e gestor do HGE, alertou para os perigos com os aparelhos celulares. “Infelizmente aconteceu esta fatalidade com nossa paciente, que pode ter ocorrido devido a uma explosão da bateria. Para minimizar e até evitar acidentes, pensamos em algumas recomendações importantes, que devem ser observadas”, salientou.
Segundo o médico, aparelhos celulares não devem ser deixados em locais úmidos, precisam ser desligados enquanto carregam e, apenas carregadores originais devem ser utilizados, pois esses equipamentos são homologados pela Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações].
“O uso do celular enquanto carrega pode superaquecer o aparelho, podendo gerar explosões; também é aconselhado tirar o smartphone da tomada durante chuvas fortes e de grande duração. A condição atmosférica gera descargas elétricas que podem representar riscos à segurança”, explicou.
Ele também orientou a jamais utilizar fones de ouvido com celular conectado à tomada, nem abafar o celular no momento do carregamento ou carregar debaixo de travesseiro. E sempre retirar o carregador da tomada após encerrado o uso.
Balanço – Na quinta-feira (15), a pequena foi a única paciente atendida na unidade hospitalar com queimaduras. O HGE atendeu a 382 pessoas, destas 306 foram casos clínicos, 74 acidentes e uma agressão. O hospital ainda garantiu 195 altas, 65 internações, 23 transferências e 18 cirurgias.
Na Central de Triagem para Covid-19, dos 106 atendidos, dez pessoas se submeteram a testagem e uma apresentou o diagnóstico positivo para o novo coronavírus. O hospital encontra-se com 60% dos leitos disponíveis na UTI Covid, 50% dos Intermediários e 38% dos Clínicos ocupados com pacientes infectados com a doença pandêmica.
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